Citações

- William Shakespeare

domingo, 30 de dezembro de 2012

XXXI



Voei em certas asas impróprias...
De imaginações alheias e turvas.
Visões estás tão obscuras.
Vagas, lindas, sujas e puras,
Que descrever é apenas estória.

Houveram batalhas e glórias.
Quedas em certas curvas.
Do branco, a límpida a alvura.
Do negro, a tão triste amargura.
Coisas não importantes agora.

No entanto, longe do pouso, agora,
Sigo acima dar nuvens de espuma.
Ignorando o Destino e a Fortuna.
Possuindo em minhas mãos arma alguma,
Possuo tordas ao chegar na aurora.

Continuarei, neste mundo afora,
Dentro desta mente que enclausura!
Quem? O coração dentro duma...
Redoma de emoções obscuras,
As quais não consigo jogar fora.

Então, outro voo inicia-se agora!
Em asas mais negras do que nunca.
Esperando o arrepio chegar a nuca,
Trazendo-me alegria e amargura.
Que brotará no novo ciclo da aurora.








by Calado



sábado, 15 de dezembro de 2012

DNA



Caio no ciclo de amar-te.
De querer-te, desejar-te.
De tão simplesmente ansiar.

Neste irritante vício de lembrar-me.
De beijar, de abraçar, de tocar-te.
Esse destino a me maltratar.

Houve palavras que não pude ofertar-te.
E sacrifícios que que não expurgaram-me.
Deste modo trágico, não pude me livrar.

Caio no ciclo de amar-te.
De querer-te, desejar-te.
De tão simplesmente ansiar.

E neste ciclo... Venho torturar-me.
Co'estes desejos para entregar-lhe...
Ouço os sussurros do fracassar.

Pois minha está a espelhar-se,
Em um romance. Entrelaçar-se...
Nesses sentimentos, minha cadeia de DNA.










by Calado


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ao cair da noite





Ao cair da noite,
Estes passos serão sempre os mesmos.
Solitários, vazios e ermos,
De onde nada se deve esperar.

Ao cair da noite,
Não há em mim radical ou termo.
Tão somente lamentos e medos,
Apenas razões para chorar.

Ao cair da noite,
Meu caminho é sempre estreito!
Apertado, às vezes de ar rarefeito,
Comum aos lugares por onde devo passar.

Ao cair da noite,
Nada em mim emana respeito.
Tão somente rancor e desprezo,
Sentido pelo que o dia pode me dar.

Ao cair da noite...
Eu simplesmente desapareço.
Reconstruo-me e me desconheço...
No ódio presente, no amor a me faltar.










by Calado

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ideal




Todos os dias ela me sorri.
Todos os dias me chama de "bobo".
Mesmo que não a veja ou a abrace.

Todos os dias ela abraça.
Todos os dias ela olha para mim.
Mesmo que eu não a tenha ou a olhe.

Todos os dias são assim...
Todos os dias! Ela é assim.
Mesmo não sendo tudo para mim.

Todos os dias sonho com ela.
Todos os dias eu a desejo.
Mesmo que não haja nada dela em mim.

Todos os dias a vejo tão bela.
Todos os dias anseio seu beijo.
Mesmo que em nada eu a possa possuir.

Todos os dias são dias de lua.
Todos os dias são dias de sol.
Mas ela nada sente, nada vê.

Todos os dias a quero e idealizo.
Todos os dias eu a amo e a recrio.
Pois ela tão somente existe à mim.












by Calado

Farsa feminina




Ver, por dentro deste abismo pulsante,
Ver meus ossos corroídos.
Meus sonhos e desejos, perdidos,
Diante desta atmosfera sufocante.

Agora, tão somente mero farsante.
Casca vazia de um pobre menino,
Por mil erros e acertos, ressentido.
Segue um caminho de torturas enfadantes.

Alcanço então com estes olhos vacilantes,
A plenitude falha e tortuosa do destino.
Vejo tão claramente este empecilho,
Que torno-me nada em todo instante.

Logo, mais uma vez ao ar sufocante.
Vendo todo meu corpo ser corroído,
Por este maléfico poder inimigo,
De um coração negro e ameaçante.

Enganado por mentiras pedantes.
As quais desejam mais e mais corações partidos.
Olho então... Este universo de ladrão e bandido,
Onde todas são atrizes estrelantes.











by Calado

domingo, 28 de outubro de 2012

Contrito




Escondido...
Entre páginas obscuras.
Desilusões, feridas; ternura!
Caixa de pandora.
Braços fechador ao mar.

Reprimido.
Trevas de medo e amargura.
Bloqueado do amor a doçura...
Que não possuo agora.
Que não posso eu tocar.

Confundido...
Com esta indefinida tortura.
Procuro, perco-me, penúria!
Logo, lanço fora...
Este impulso de amar.

Então... Perdido.
À deriva nesta jornada obscura.
Cubro-me com lençóis de loucura.
Desejando então amor agora...
Desejando doce e leve abraçar.










by Calado

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Manto noturno



Tenho medo...
Desse véu de ilusão,
Dessa densa e doce escuridão.
A tocar minha pele como chuva,
Esta noite a me envolver.

Receio,
Que estes bálsamo e caixão,
Deixem meu grito em exclusão.
Como o som de uma triste viúva,
Triste até poder morrer.

Então... Escrevo.
Estes sentimentos em decomposição,
Estas palavras que a mim retornarão...
Como um triste chuva,
Do terrível pode ser.

Esqueço,
Esta tempestade que se chama emoção,
Envolvo-me novamente pela escuridão.
Caminhando sob a luz da lua.
Inexistência de meu viver.

Desprezo...
Sentido pelos que andam à luz da emoção,
 Agora sob o manto frio de minha condição,
Sou alma límpida e pura...
Da líbido, do dia, da luz, da viver.










by Calado

Triste e ácido pranto




Ácido infernal.
Corrosivo e letal.
Fere a alma inocente,
Vil solução ardente...
Cai em queda, quebrar.

Fruto de bem ou mal.
Dos problemas, o mais banal.
Consome e destrói o carente,
Magoa-nos e nem sente...
Logo irá se despedaçar.

Tal como sou poente!
Mostra-me o erro fatal.
Do ferro provo a lâmina quente,
Corte a mostrar-me o eu mortal.

Devasso, deveras inocente!
Traz-me a dor de outro dia real.
De tempestades, de dias quentes...
Vejo o fim - Nossa morte afinal.







by Calado

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Morto





Voo para longe destes portões,
Que prendem-me a sentimentos, grilhões...
De uma existência mísera e vulgar.

Passeando entre lagos de perturbações,
Desafio a morte, sentenças e perdões.
Co'as asas que tenho, já não posso voar.

Corro... Para longe das preocupações.
De beijos, de sonhos, assombrações,
De pobres seres de carne a andar.

Entre inferno e céu, restam as questões.
Entre a vitória e a derrota, os arranhões,
De uma guerra sem fim que está a se travar.

Então... Voo com os depenados tendões.
Tão frágeis e debilitados, com poucas razões...
Para erguer-se ao céu. Brilhar.

E mais uma vez, preso à dores e solidões.
Dividido, entre trevas e clarões,
Meu destino tento alcançar.

Sou sol, lua, e do ano... as estações.
Sou dor, angustia, e a falta de perdões...
De feridas purulentas, que jamais irão cicatrizar.







by Calado

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Relance



De relance, em um lugar lotado.
Onde a euforia e o descontrole dominam,
Tornando o coração acelerado...
Uma breve troca de palavras,
Olhares.
A significarem absolutamente nada.
E tudo...
Tão somente para mim.

De relance, meu coração viu-se encurralado.
Preso a emoções que apenas cresciam,
Deixando atônito, paralisado.
E pensar que não havia nada...
Ainda que me esforçasse,
Para que eu pudesse conquistá-la.
Inútil...
Tão somente para mim.

De relance, vi-me brevemente apaixonado.
Das pessoas que nada percebiam...
Nem mesmo seu olhos teriam notado,
Minha feição levemente pasma.
Impotente, covarde;
Podendo tão somente fitá-la,
E acima de tudo,
Tê-la tão somente para mim.

De relance, apenas mais uma no aglomerado.
Em meio tantas indo e vindo.
Dificilmente pode ter ela notado...
Que por ela meu coração disparava. 
Se eu Ousasse...
Tocar sua mão rosada,
Eu, deste mundo excluso,
Tão somente para mim.

De relance, outro sentimento desperdiçado?
De paixões que já me perseguiram.
Eu, cá fico, outra vez solitário.
Enquanto ela parte, seguindo sua jornada.
Se seu nome perguntasse...
Se lhe cortejasse com ouro e prata...
Mas me calo, a vejo mudo...
Tão somente para mim.









by Calado


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Como o vento




Eu sou... Como o vento.
Passageiro por natureza,
Senhor de toda inconstância.
Em mim, guardo a eterna relevância,
De sempre desaparecer.

Nunca o mesmo com o tempo.
Sem trono, sem realeza,
Provido apenas de esperança.
Empunho amor, ódio, perdão e vingança.
Sou o que não se pode ser.

Paixões esqueci com tempo.
Amores pereceram com certeza.
Sem ao menos restar uma lembrança,
Inconstante, sem dar importância...
Sem um dia permanecer.

Espirito do alento.
Sem fundamento, sem firmeza.
Lugar onde o ser não alcança,
Torno-me tempestade da bonança.
Dúvida de nunca permanecer.

Eu sou... Como o vento.
Sem forma, sem corpo, sem firmeza.
Tão vacilante em minha confiança,
Tão maduro sendo eu criança,
Não sou nada do que venho a ser.








by Calado

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Lunar



Lunar...
Uma lua cheia no céu a brilhar.
Uma amor achado, perdido;
Sentimentos que não fazem sentido,
Uma doce melodia a soar.

Lunar...
É uma solidão a outra procurar.
Um alegre frio aflito,
De um beijo esperado, bendito;
Um abraço que desejo não terminar.

Lunar...
É um olhar tímido a te encontrar.
Um coração apaixonado e contrito,
Sofrendo do amor o conflito;
É um desejo de não querer amar.

Lunar...
É meu coração ao ver este luar.
O desejo de amar escondido,
Depois te tantos corações partidos;
É a chance de um novo apaixonar.

Lunar...
É a lua sempre a iluminar,
Noites de tantos aflitos.
Amores, partidas, paixões, desiludidos.
E a inspiração vem dominar.

Lunar...
E a canção hoje a ecoar,
Por estes céus azuis e límpidos.
Trazendo a luz de que necessito,
Uma doce tristeza e um alegrar.










by Calado

Laços de dor



Descendo...
Abismo de afinidade;
Amarrado, por pesos antigos,
Tão familiares e próximos
Como a chagas do tempo.

Obedecendo.
Reina então, desigualdade.
Tento subir - Não consigo!
Respiro então... Esse óxido,
Nesta masmorra de lamento.

Perecendo,
Pelas mãos da fraternidade.
Quem em nada parece comigo,
Mesmo assim, mantém-me próximo,
Destrói-me, enquanto os alimento.









by Calado

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Ruas vazias




Caminho por ruas vazias e escuras.
Estradas sem rumo levando à algum lugar.
Solitário e vago como sempre,
Busco a escuridão profunda.
As nuvens negras a me cercar.

Provo da solidão imatura,
Que deseja arrastar-me e alavancar...
A roda que comanda esse "de repente".
Ataca-me, covarde e súbita,
Nesta caminhada a me acompanhar.

Caminho entre as folhas avulsas,
Que o dia fez questão de abandonar.
Nestas ruas tão solitárias e descontentes.
De um vida estranha e recôndita,
Difícil até mesmo de se decifrar.

Caminho, em um vida doce e dura.
Onde não há se quer onde me apoiar.
Batalhando por causas aparentes,
De razões devidamente escondidas.
Eco em campo de batalha a se propagar.

Caminho então, por estas vazias ruas. 
Em busca de frio, de solidão, de encontrar...
Algo que não sei o que é. Tão somente!
Coisas que há muito perdidas,
Hoje, falta muito me faz.

Novas ruas, há agora, onde não havia nenhuma!
Esse desconhecido faz meu coração se angustiar.
Desespero deixa-me sua semente,
Perdido foi o sentido na partida,
Já não sei como voltar.

Em sonho, ando por esta  vazia rua.
Minha doce liberdade, deveras, meu lugar!
Onde frio e solidão estão presentes...
Como uma amada, doce e querida,
Bem vindo, ao meu lar, doce lar.








by Calado



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sonho para nós dois




Criei um sonho para nós dois,
Um tanto longe da realidade.
Embora,
Os sentidos aguçaram a vontade...
De estar perto,
De tocar-te.

Criei um sonho para nós dois,
E nem sei, onde andarás na verdade.
Talvez,
Em busca da sonhada liberdade...
Longe de meus braços,
De abraçar-te.

Criei um sonho para nós dois,
Enquanto aguardava que em casa eu chegasse.
Disperso...
Não vi bondade, tristeza, alegria ou maldade.
Apenas queria-te,
Desejava encontrar-te.

Tentei criar um sonho para nós dois,
E apenas desejei que tu um dia sonhasses.
Enfim,
Mais um sonho que não virá à realidade.
Sonho de paixão.
Sonhos de amar-te.








by Calado

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Caminho da Alma





Caminhos, longas estradas.
E ainda que só... Caminho ao nada.
Vivo e pereço...
Na jornada que mereço.

Devaneio? Conto de fada?
Não! Mente plena e acordada.
Apenas a tudo desconheço.
Tu, o mundo, eu mesmo!

Possua apenas esta lâmina afiada.
Espada? Coração? Coração espada...
Fruto do "eu" que reconheço,
A medida que me desconheço.

Não restou-me absolutamente nada.
Preciosidade a ser valorizada.
Mesmo que restando pouco tempo,
Me resta esta jornada - Tudo que hoje tenho.









by Calado

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ângulos




Desvio meu olhar - Esforço inútil!
Disfarces não podem esconder
Uma natureza à amadurecer.
Paixão em forma volátil.

Devo despertar - Esforço fútil.
Quem sabe, podes corresponder
Em igualdade, a este pobre ser.
Tão forte, mas, tão frágil.

Uma luz em algum lugar?
Calor, que possa aquecer-me.
Iluminando este cômodo de esquecimento.

Ou, outra das brisas a passear.
Quem mesmo sem perceber-me...
Por segundos, aliviou-me o sofrimento.







by Calado

Uma folha ao vento



Ao vento, uma folha a flutuar.
Sem rumo, ela vaga.
No continuo espaço-tempo,
Solitário e leve caminhar, que,
Mesmo sem estrada,
Viaja...
Na multidão de pensamentos.
Não há ruma à traçar,
Prova do acaso, a graça.
Sem asas. Apenas brisa e vento,
Conta somente com desejos...
De um futuro. Luz de contentamento.
E mesmo desbotada,
Não esvaiu-se com o tempo.
Ao vento, um sonho a sonhar!
Sem rumo? Talvez o nada.
Um triste lampejo de pensamento,
Folha a flutuar.
Solta-se, move-se, lenta e calma.
Palavras e folhas...
Estão indo com o vento.








by Calado

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Turbilhão (Oh! Fortuna)



Sinto um enorme turbilhão,
Formando-se de cada sentido,
Pensamento, ação ou emoção.
Uma cratera...
Vejo... Não vejo.
Idas e vindas sem sentido.
Não há partida...
Apenas este gatilho maldito.
Enquanto sinto este vento frio,
Que passa por meu corpo...
Congelando por fora,
O que por dentro se faz inverno.
Desastre... Acaso... Desgraça.
Jogo de uma deusa desalmada,
Tira-me a paz, o sono, 
E traz-me, este abismo oculto,
Este lamaçal de dor.
Um caminho sem volta...
Não há chegada!
Apenas...
Um delírio.
Universo onírico de um falso herói.
Contos trágicos...
Gregos... Troianos...
Aqui jamais se vence,
Ou há uma glória a brilhar no fim do túnel.
Apenas a honra...
De um morte em meio a guerra.
De ter batalhado sem cessar.
De carregar estas laminas.
Sinto este enorme turbilhão,
Formando-se de cada sentido,
Pensamento, ação ou emoção.
E...
Esta vida se esvaindo,
Em meio ao furacão que se forma.
Em meios aos sentimentos em tormenta.
Em meio a uma farsa real...
Irreal!
Uma vida, que fortuna toma em suas mãos.
Uma espada enferrujada...
Que substitui um coração.
A dor e a glória,
Alimentando uma alma que
Carrega a dor de várias vidas,
Que Fortuna levou.
Que carrega em si, mil partidas,
De alguém que nunca retornou.











by Calado

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Transparente



Anseio algo que não vejo.
Desejo algo que não tenho...
Ideia do que venha a ser.
Busco caminhos que não trilho,
Vivo em mundos...
Onde jamais pisei.
Sou um paralelo de mim mesmo.
Algo inexistente...
Estranho a este lugar.
Sou uma parte de tudo,
E um pedaço de nada.
Fragmento inóspito à realidade.
Procuro quem sou...
Ou o que não sou.
Arrasto-me pelas dimensões...
Infinitas que há em meu ser.
Procuro, não ser...
E sou!
Pois não posso evitar existir.
Habitar...
Exibir...
Esta transparência de não pertencer.
Esta loucura de não existir.
Esta incerteza a me cercar.
Sou o que sou,
Não sendo nada em comum.
Existo em corpo,
Não sendo em alma.
Tenho na mente...
E não tenho... Somente.










by Calado

Desapego



Apego-me ao desapego,
De não apegar-me a nada especial.
Frívolo, insensível, superficial;
Caminho solitário e ermo.

Apego-me ao desapego,
De abandonar o que é sem igual.
Desvalorizar,  esquecer por total...
Facilidade em livrar-me que tenho.

Desapego-me e apego-me,
Em ciclo interminável de ações.
Com sentimentos frios como o aço.

Apego-me e desapego-me,
Como se esquecesse algumas canções.
De emoções, amigos, lugares me desfaço.









by Calado

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Inalcançável









Este lençol já não pode suportar...
O tamanho destes pensamentos;
A ligeira sensação de inquietude.
Esse medo que do passado...
Apresenta-se a mim, ressurge!

Esta mente já não pode descansar.
Sob as toneladas de pesadelos.
Uma certeza de caminhos incertos,
Tudo que não pode ser contado,
Preocupa-me, rouba-me a juventude.

Este homem não é mais que um soprar.
Passageiro, insensível como o vento.
Algo que apenas carrega virtudes...
E que jamais se pode segurá-lo.
Destino selado... Fortuna rude.

Esta carta... Não é para se recordar.
É mais um de outros profundos lamentos.
Sofrimento amiúde...
Carta etérea de um bárbaro.
A procurar um horizonte que jamais surge.








by Calado

Premonição



Mais, e mais...
Cada vez mais fundo.
Nesta ínfima tristeza.
Hades, sepultura,
Solitárias profundezas.


Há? Não há mais!
Corte profundo,
Causado por infame fraqueza;
Dolorosa ternura...
Desgraçada, pobreza.


Houve aquele "jamais",
De meus olhos ao mundo.
Doce e infinda em frieza,
Não motivo de desculpa.
Ou importar-se com alheia tristeza.


Breve, nem te lembrarás.
Serei o vento mudo...
Coisa que não perceba.
Tal como... Flor miúda,
Uma pobre alma passageira.


Mas, não mais!
Tento amar o mundo,
Mas o mundo este mundo me rejeita.
Premonição absurda?
Sonhei com isto a noite inteira.
















by Calado

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Pontes quebradas





Tão bela é esta lua de hoje,
Que mesmo de olhos fechados...
Este coração assim, trancado,
Eu a vejo, quase posso tocar.


Este frio tão confortante, doce.
Devo sentir-me desprezado?
Sou mais um não encontrado,
Algo sobre o que não falar.


Esconde-se como se não fosse,
Mas é o mesmo peito trancado.
Não finjo. Ainda que humilhado...
Minh'alma posso auto-afirmar.


Chamas-me agora, hoje.
Meus ouvidos agora fechados,
Não te ouvem. Abafado...
É teu som, que mal posso identificar.


Pois agora te encontras longe.
Bem mais do que no passado.
Não somente neste espaço...
Mas agora na essência a pulsar.


















by Calado

Teatro do Farsante







Noite a fora.
Uivo solitário para uma lua sombria.

Olhos cor e prata,
Assim como as estrelas contempladas.

E uma eterna escuridão.
Medos e desejos, agonia.

Palavras, já não restam.
Apenas este lamento uniforme e constante.

Alma que se despedaça,
Meio à luzes de tanto viventes.

Noite a fora...
Mais uma... De tantas estórias.

Senil e decrépito.
Épicos desertos, batalhas e destruição.

Empunho armas inexistentes,
Guardo virtude e honra verdadeiras.

Vitórias, incontáveis como farsas.
Traspassado pelas lâminas que eu mesmo criei.








by Calado

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Abstrato



Sou apenas mais uma pintura,
Inacessível à mente debilitada.
Quadro de uma morte...
Luz de uma vida.
Em meio a um mistério comum,
Desejos, sonhos...
Se há mais algum,
Esqueço... Apago....
Assim como estes pensamentos.
Sou apenas mais um borrão de tinta na parede.
Incômodo.
Incompreensível...
De todos os ângulos possíveis.
Modo de vida vão,
Melhor que não existisse?
Sou apenas algo...
Inanimado?
Ainda que me sinta respirar...
Sou dúvida...
Conflito...
Angústia...
E não há um dia se quer,
Que eu não tenha sentido dor.
Solidão, medo...
E o constante desejo de amor.
Sou apenas mais um quadro...
Abstrato.
Longe da realidade das aparências.









by Calado

Avesso



A lua moveu-se.
Deixando um vácuo escuro.
Levou sua doce luz de veludo,
Trouxe-me a vida, a paz apartou-me.


Deixou escuridão doce,
Tal como arrepio ou sussurro.
Para tantos apenas murmúrio,
Azar, que fortuna um dia trouxe.


Sou eu, esse espaço escuro,
Que desejou que não existisse.
A praga, que assola o mundo.


Apenas queria que ouvisse...
O grito que sai deste profundo.
Desejando que não partisse.












by Calado

No sinal





Vai e vem cotidiano,
Um ama, outro não.
Fora do vidro, uma mão...
Se estende a suplicar.


Mesmo local, "zigue-zagueando",
Em mão contra mão.
No vidro, está o coração,
Cotidiano do inverso a revirar.


Um amo em desamor.
Sonho com sabor de miséria.
Aguardando o vidro abaixar.


Suor... Sabor...
De uma vida triste e incerta;
De pedir, de vender, de chorar.














by Calado

sexta-feira, 13 de julho de 2012

À Cama








As noites sempre tão frias...
O tempo vagarosamente se vai.
Somente... Minha respiração ecoa,
Neste silencioso penhasco.


Um abismo distante, próximo.
Engolindo estrelas que não vejo,
Acida do telhado a curvar-se
Diante de tristezas noturnas.


Terra sem dia, morada da noite.
Limbo da consciência, desperta,
Onde alma  tortura-se em punição...
Aos desejos nascidos na luz.


Aqui, a solidão é só mais um,
De outros substantivos emocionais.
Distante da racionalidade...
Perto do leste da madrugada.


As noites são sempre tão frias.
O tempo, vagarosamente se vai...
Assim como meus sonhos diante de mim,
Enquanto ainda de olhos abertos.














by Calado

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Melodias amareladas pelo tempo




Em um sala empoeirada...
Ilumina-se um piano.
De forma tímida,
Sútil,
Alma abandonada.
Procurando uma melodia,
Uma inspiração qualquer.

Passos em direção ao nada...
A dor lhe causa engano.
Esquece de sua vida,
Inútil...
Frágil, desarmada.
Sobre que tudo que não havia,
E ainda pode se esquecer.

De um dia outrora, amada.
Uma paixão, um desânimo,
Uma confusa partida.
Difícil...
Ter que encará-la.
Esta tão injusta vida,
Quem nem sempre traz que se quer.

Nesta sala... Empoeirada,
Ilumina-se o dano.
Causado por uma querida.
Gentil...
Ainda que jamais culpada,
Causou toda esta ferida...
Este sangue pelo corpo a escorrer.

Aurora hoje apagada.
De um sentimento errante.
Hoje sem casa... Sem vida.
Instável.
Esse amor que jamais me abraça,
Essa paixão jamais correspondida,
Esse vazio que hoje venho a ser.






by Calado

Cem sóis










Do fundo dessa escuridão,
Em masmorras de terror.
Sem esperança, alegria, amor...
Com minhas unicas armas à mão.


Lágrimas de sangue escorrerão!
Fazer-me-ão sentir seu sabor,
De amargo metal em labor.
Coisas que a mim pertencerão.


Em meio a toda essa escuridão...
Cem sóis trazem-me amor.
Enquanto eu imploro por um doce perdão.


Mas essa eterna e oscilante dor...
Destrói pouco a pouco este coração.
Rasgado pelos sóis e pelo furor.
















by Calado

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Horizonte Cinza



Tudo tão repentino.
Em mais um tufão de destino,
O outro lado do mundo posso olhar.


quando me julgo menino,
Abriu-se para mim o infinito...
O qual antes não podia tocar.


Olhares desviados, gesto mesquinho;
Revela-se o intuito sofrido.
O espaço que não há para se habitar.


No chão - Cratera de meteorito.
No Céu - Escudo de bronze reluzindo.
Esperando mais um se entregar.


Coração trancado em um bauzinho...
Contraste de eterno e finito,
Somente no caminho tenho meu lugar.
























by Calado

domingo, 1 de julho de 2012

Destruídor





De costas para mim...
Aonde quer que eu vá,
Várias realidades me ignoram.
Perante minha presença...
Se apartam, choram,
Neste eterno caminhar...
Só há lugares inadequados a mim.

Repúdio sem fim...
Vejo minha alma se despedaçar.
Diante de coisas que não me aceitam.
Me dada foi a sentença...
De fronte as estes mundo que me rejeitam,
Vejo um triste guerrear,
Uma incerteza sem fim.

Vendo a instabilidade ferir...
As asas com que eu posso voar.
Mundos ainda sim me imploram,
Que eu cumpra a penitencia!
Meros vermes que se rastejam...
Desejam me ver chorar,
Eu então darei vosso fim!

Destinado... A destruir!
Não importa em qual lugar...
Lágrimas estalam, ressoam.
Eliminando minha porção de esperança!
Meus gritos tão somente ecoam,
Em meio ao que não posso evitar...
Este destino de anunciar o fim!









By Calado

Quarto infinito




Em um quarto...
Uma vida vazia...
Ao som de uma caixa de música.
Uma inabalável melancolia,
Espreita o intimo do ser.
Com medo...
De talvez não ser.
Alguém...
Algo...
Desejo de amanhecer,
Atravessando diferentes dimensões.
De tantos...
De todos...
Os possíveis mundos um dia teus.
Ao som desta doce caixa de música...
Em vida!
Um jornada...
Através de uma mente abandonada.
Em um canto escuro...
Qualquer.
Em um quarto...
Espelho perpétuo da psiquê.
Sonhos de noites perturbadas,
Seu mundo...
Sua jornada...
Através do que um dia se perdeu....
Em meio ao que nunca foi teu...
Nasce!
Mais uma alma de tantas.
Mais uma razão quântica.
Um número...
Dos anos de sua existência.












by Calado

sábado, 26 de maio de 2012

Amnésia






Não sei o que me tornou assim!
               Apenas acordei um dia. Enfim...
Não escuto mais pulsar de coração,
               Somente triste sonata, ou canção,
Amores que perecem...
               Que não mereço, esquecem-me;
Não basta apenas o que sou!
               Não importa-me mais esta dor,
De espinhos de flores não minhas...
               Alma morta por incurável ferida.


Não possuo memórias de mim...
               Não me recordo de ouvir "sim".
Nem se quer recordo segurar tua mão.
              Apenas portas fechadas... "não's, não's"
Canções que perecem...
              Memória que morre, se esquece;
Não me lembro quem sou.
              Tenho apenas várias coisas sem valor.
Histórias... Que não são minhas,
              Pessoas mortas, outras feridas.


Perdoe-me, não lembro que escrevi....
              Nem ao menos, lembro de Ti!
Sou apenas uma breve ilusão,
              Que nada possui em mão.
Imagem que perece...
              Amante que morre, logo se esquecem!
Não existe o que sou.
              Forjo e suporto a minha dor,
De viver vidas que não minhas,
              Tornam-me real, enquanto crio esta ferida.










by Calado