Citações

- William Shakespeare

domingo, 28 de abril de 2013

Passos mortos




Passo à passo,
As lágrimas e a chuva feriam,
As pernas e os passos gemiam,
Na marcha ao luar,
Sentidos aguçados,
Corpo a desmaiar.
Espirito quebrado.

Passo à passo,
Os gestos que os braços faziam,
Aos céus que tristes  não respondiam.
Não pode repousar.
Pobre desgraçado,
Veio se amaldiçoar,
Por sua lâmina traspassado.

Passo à passo,
E agora, que meus olhos já não viam...
Tão somente alguns resquícios serviam,
De guia ao lar.
Um caminho mal traçado!
Vim por este trilhar,
E até hoje ainda vago.

Passo à passo,
E percebo que meus passos sumiam,
Ao passo que lágrimas se vertiam.
Não posso te enxergar,
Será que estou fadado...
A tão somente vagar,
Sem ser encontrado?

Passo à passo,
Lar, passos, lua, desapareciam...
Diante de meus olhos que também sumiam.
Já não posso olhar,
Com os olhos de amado.
Já nem mesmo posso respirar,
Como fantasma,caminho, perambulo...  Vago.















by Calado

domingo, 21 de abril de 2013

Morcego




À noite, onde caminhar e pecado.
Eu sobrevoo arranha-céus.
Vestido com este manto, negro véu,
De meu sangue hoje ausente e expirado.

À noite, onde sou encontrado.
Existe do dia o castigo, amargo fel.
A dor e a angústia de um condenado,
Que agora, espalha sua dor aos sete céus.

Empunhando o rancor escarlate,
De desventuras desgraçadas.
Em um voo livre, morcego.

Então deixo a solidão que abate,
Com asas, abraço a lua amada,
Nesta noite por mim tingida de vermelho.












by Calado

Quimera




De mil seres munido.
E pensamentos mil vividos.
Extrato de mim mesmo,
Caminho em meio ao ermo;
Das coisas que vieram me formar.
Daquilo que não posso enxergar,
Torno-me a mim, torno-me nada.

Com nada parecido!
Olho-me, me intrigo...
Sobre o ser eu mesmo.
Essas asas, patas que não reconheço.
Triste canção de despertar,
No céu que não posso entrar.
Torno-me a mim, torno-me nada.

Agora... Impelido,
A este destino em pedra esculpido.
Com meu sangue a história escrevo...
De encontrar-me no espelho.
Em meio ao corpo que vim habitar,
Patas, asas, rostos que não posso identificar...
Torno-me a mim, torno-me nada.

Então, serei esquecido.
De minhas memórias apagado e banido.
Apenas verei o sangue que verto,
Deixar o retrato do que descrevo.
Enquanto perco a vida que vim ganhar,
Vida que minha não pode se tornar,
Tornei-me a mim, tornei-me nada.














by Calado

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Escuro como o preto




Negro...
Como trevas densas e espessas.
Tão profano como o mal.
Este coração que apenas deseja.
Esqueço...
A humanidade mortal.

Negro...
Como criaturas vis e rasteiras.
Obscuro, ser abissal.
Uma alma que à dor permeia.
Esqueleto...
De uma vontade imortal.

Negro...
Como noite sem lua cheia.
Alegrando-me somente no final.
Extinguido até a ultima centelha...
Esvaneço!
Em meio a este solo banal.

Negro...
Fadado à maldade que me rodeia.
E à morte que me aguarda em sua nau.
Inquietude própria e alheia...
Pois desmereço,
Até as sombras, meu caminho natural.

Negro...
Sou um fantasma de bestas guerreiras.
Vontade de destruição afinal.
Ódio que corre nas veias,
Espesso...
Minha sombras, do início ao final.















by Calado

Estrada ao teu sorriso




Ignorei a razão,
E... Algumas curvas na estrada.
Nas curvas, derrapadas!
No olhar, um cisco!
Batidas aceleradas de coração,
Em busca de um sorriso.

No céu o clarão,
Na mão, Angústia é apertada.
Solidão se esconde, amedrontada.
Ao pensar: "Sorriso".
Lança-se do céu ao chão,
Deixa-me seguir sozinho.

Mas, Acaso é brincalhão!
E entra em cena em horas erradas.
Caio então em sua cilada.
Por fim... Fez-se juízo!
Do que gerou emoção,
Fui, ao encontro com o nada.

Tristeza vem e invade então!
Agora, que de mim arrancada;
Uma felicidade almejada,
Perdão se faz preciso!
Pois, sei nada foi em vão...
Para que de mim possa aproximá-la!

Se foi então o clarão,
E a noite regozija estrelada!
Então, almejo mais encontrá-la.
Agora, necessito.
Deste sorriso que me estendeu a mão,
Desta alegria que anseia ser encontrada.















by Calado



quinta-feira, 18 de abril de 2013

Elégia (from Lancelot)




Agora, que nada mais resta;
Sob o brilho do sol zombeteiro,
Escrevo com sangue, em sem pressa,
De perder o que sou por inteiro...
A história que vivi não vivendo.
As mentiras que ouço crescendo.

Pois foi-se mais uma alegria modesta.
Resta-me lâmina de relógio, ponteiro,
Que alegra-se em desgraça - festa!
Que dura dias inteiros.
Pois agora, já não sendo,
Tudo que é, mesmo não mais vivendo.

*

Foi-se há muito, e agora não vive;
A alva da melodia alegre.
A senhora de composições tristes.
A sábia que não se percebe.
Levado é o tempo pelo lamento,
Com este andor, de morte e contentamento.

 E na aurora que jamais viste,
Como demônio me percebe.
Mas esta lágrima ainda insiste...
Brilhou, rolou, caiu... Mas persegue-me.
Ou seja o rubro escudo de ferimentos,
A quebrar-se no crepúsculo de seu tempo.

*

Com a lealdade que lhe devia - privada -
Viu a alma por espada ser ferida.
Em inúmeras marcas de batalhas
Onde a morte o aguardava erguida,
Como pano imundo estanca o sangramento.
Usa o sal das lágrimas, desinfeta o ferimento.

E a escuridão, já estava reservada,
Pela fortuna, pelas garras da vida.
Cava sua cova na lava...
No fogo sua história será esquecida.
Para este triste e sublime momento...
Não há flores, apenas escárnio e lamento.

*

Agora derrotado por uma triste paixão;
Se quer pode olhar para seu rei amado.
Vê e desfruta da derrota e da exclusão...
Do ódio de quem era o venerado.
Preso, abaixo do pavimento,
Já não vê a beleza e a honra do firmamento.

Negro vê, o prata que há em seu brasão.
Cai ao solo, sem forças para rejeita-lo.
Lhe preparado está o caixão,
E por suas próprias mãos será enterrado.
Não há lamento, ou pranto escorrendo.
Apenas o incomparável brilho do lago sereno.















by Calado

Praga




Tristeza suave na lembrança,
No fundo, busco uma esperança,
De algo que não posso enxergar.

E como então poderia?
Se a razão de minha alegria,
Tão distante parece estar.

Dê-me Deus a morte por bonança.
Pois neste, há uma criança...
Que no mundo está a chorar.

E por que não choraria?
Se por má sorte ou agonia,
Deseja o que não pode desejar.

Então, tomada a praga por aliança,
Sendo o que é pobre criança...
No escombros de um ser a desmoronar.

E por que não desmoronaria? 
Alicerce de areia suja e fina,
Da imagem que não pode se indentificar.

Cá, pois, traga o ultimo tratado.
Do qual viva por ter amado...
Desapareço em entradas que não posso entrar.














by Calado

Noite do princípio




Esta é aquela hora!
E muitas outras - noite afora;
As quais esqueço
E torno a lembrar.
Onde verte-se o sangue.
Onde prova-se a dor.

Abrindo como rosa,
Como muitas coisas - outrora.
Das penas que mereço.
Das que não deveria pagar.
Que por favor, não chame,
Este palhaço chorão por "amor".

Apenas cicatrizes agora!
Ardentes, e minha'alma chora...
Os males de vários desterros.
Das almas que vim perturbar.
Que o meu peito assim se inflame,
Oh! Minha colônia de horror.

Recipiente vazio de outrora;
À legião de "eu's" e o inferno afora.
Então, volto outra vez ao começo,
Onde teu sorriso pude fitar!
Lá, tu chamas meu nome?
Como deveria te chamar, amor?











by Calado

sábado, 13 de abril de 2013

Morte passional




Lâmina fria em pele quente.
Esfria a pele antes ardente.
E adormece, adormece.

Dor de um coração carente,
Chora, o antes visto sorridente, 
E adormece, adormece.

Guarda então paixão doente,
Do querer mesmo de sempre,
Que me adormece e adormece.

Da pele antes quente,
Agora que a alma fria geme,
E me adormece, adormece.








by Calado

domingo, 7 de abril de 2013

Pássaro




Este quarto não me basta!
Como gaiola apertada,
Vejo-me agonizar.
Forças, tento voar...
No pouco de espaço cedido;
À tristeza impelido,
Pássaro desgraçado.

O som do grilhão que se arrasta,
É uma melodia ingrata.
Na madrugada à perdurar.
Vem a razão me roubar!
E assim... Sono perdido,
Sonho como menino.
Pássaro apaixonado.

Olho então o corte da faca,
Nestas asas agora tão fracas.
Que o tempo, veio desgraçar.
Onde a dor morada veio buscar;
Gaiola - quarto pequenino -
Cela do culpado perdido,
Pássaro aprisionado.

E então, nas horas a noite passa.
E mais um dia então aguarda.
Que venha os sonhos roubar!
Que venho o sono tirar!
Por desejo não concedido....
Torno-me mais um ferido,
Coração despedaçado.









by Calado

Alva nevasca



Me abstenho de bater em porta trancada,
De um peito que jamais ofertou-me nada.
A não ser... Alguma dor.

Exito! Em lembrar-me por nada,
De triste busca desesperada;
Que triste chame: Amor.

E agora? Já não mais nada!
Apenas, página velha, amarelada.
Lágrimas ao chão, no rosto o rubor.

Mas lembro, de festa inesperada.
Do coração que alegre, palpitava.
Na noite em que senti teu calor.

Mas como pedra plantada,
Foste como inverno e nevasca,
Eternizando, congelado-me à dor.









by Calado