Citações

- William Shakespeare

sexta-feira, 12 de junho de 2015

A sala





















Esta sala está tão vazia,
Tão solitária, cheia de ecos
E de sussurros incertos.
A presente ausência amiga.

Há muito que não é varrida,
Fria de congelar o cérebro,
Sem luzes, só pontos cegos...
Velhos papéis à luz do dia.

Tudo está desarrumado,
Sento-me no chão empoeirado,
Sofro calado a punição.

Ainda que calado, falo
Às entranhas. Perturbado!
Silêncio: Minha maldição.



   
por Francisco Calado

terça-feira, 19 de maio de 2015

Idade

















 Perdendo estou o tempo...
Bem em meio ao relento,
Como um poste à lumiar.

Meu passo é pobre e lento,
E em nada à contento!
Só em pés à calejar...


Feridas eu tenho!
E um nó de desdenho...
Na matéria à passar.




por Francisco Calado

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Abstração



 






















Eu estou voltando!
De um lugar,

 para onde nunca fui.
De um lugar...
Em meio à lugar nenhum.

Estou voltando...
Com as minhas mãos 

repletas
Do mais puro vácuo,
Tão raro onde agora estou.

E enfim, estarei aqui!
Em um lugar,

O qual nunca foi meu.
Em meio à um tudo
Que em nada me representa.

Nesta eterna materialidade,
Que transpira e fadiga,

No frenesi da cidade.
Tudo é nada na verdade.
Deito minha cabeça, quero dormir.



  

por Francisco Calado

domingo, 4 de janeiro de 2015

Pó de estrela




Busco-as toda noite,
E as encontro sempre
As mesmas contentes.
Milhares à brilhar,
Brilho que um dia foste.

Ofuscando o torpe,
Com luz estridente.
De tantas frias noites
Insônicamente...
As vejo cintilar.

E no escuro peito,
Brilha meu coração...
Brilha esta fria emoção:
Oh! lua, céu perfeito,
Desejo-os alcançar.

Este, é o dia eleito!
Para minha purgação.
Tão Escuro e tão estreito,
De doce solidão...
Via de poeira estelar.

Retratos passados...
Chegando até mim... até nós;
Desatar nossos nós,
Estou tão cansado...
No escuro à descansar.


  

por Francisco Calado

sábado, 3 de janeiro de 2015

Cortinas



Abrem-se as cortinas negras em flor...
Soa então e luz da lua, melodias novas.
E o brilho negro do olhar, à fora,
Esvai-se, com as correntes desta dor.

Tudo está escuro e claro, agora,
Do jeito que foi, e sempre andou.
Assim como a lua brilha lá fora,
Como a luz de um astro, que já passou.

Vejo os verões vindouros voltarem,
Numa negra nuvem naufragarem.
Distante de um destes dias desertos.

Fechada está a cortina "passado".
Perdido está todo o espetáculo.
Sigo,trilho, e em nada estou certo.

  
por Francisco Calado