Citações

- William Shakespeare

sábado, 14 de dezembro de 2013

Folhas de dezembro

Um outono tardio
Deixa folhas no chão ;
Lágrimas no coração,
Um tempo que não volta.

Só há então, vazio!
Os galhos secarão,
E o pranto não verão,
Só o verão à porta.

Deixo ir as folhas!
Lembranças, escolhas;
Passarão... Eu passarei!

Chorarei as folhas,
Lágrimas pisarei.
Dezembro já se fôra.



by Calado

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

LÁPIS E PAPEL


Lá vai tu e me dizes mais um adeus.
Fico eu cá. Em longo eco de um eu te amo.
E.enquanto eu, grito. agonizo e chamo,
Só vejo lágrimas nos braços meus.

Onde por mais que queira eu, me negar
Que a dor do doce sofrer me acompanhe,

E ainda que eu vigie, durma, acorde ou sonhe,
Tua bela silhueta ei de me assombrar.

E eu aqui... No vácuo espaço-tempo vago,
De estrela à estrela e em supernova caio,
Nas tristezas de minha lua no céu.

Lá, Tu deixas vago o que era meu espaço.
Logo após de Ti, sou eu que agora saio.
Resta-me somente lápis... Papel.


    
by Calado

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Diário de um diário

Vejo as luzes das praças.
O meu olhar vê e passa,
E minha alma à vagar.

E na correria das massas:
Outra chama se apaga.
Outro corpo para velar.

E o ponteiro já não passa;
Hora! Menina mimada...
Não me deixa o descansar

Do vivo dia da espada
A manter a mão calejada,
Fica o corpo à chorar.

Vejo luzes apressadas,
Beijo rápido amada!
E... Uma criança à chorar.

Nem a noite me salva,
Sou mente engaiolada.
Rotina... Alma à divagar.

by Calado

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Amizade


Abençoa-me,
Assola-me.

Uma praga,
Uma graça.

Me esquivo,
E repudio.

Circunda-me,
À caçar-me:

Penosíssimo
Magnetismo.

Me afasta
D'amada.

Vejo-te
Perco-te.

Uma praga,
Tão necessária...

É fio de espada!

E agora,
Por hora...

Ânimo partido:
Amigos? Amigos!
  
by Calado

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Bomba Homem

Estes membros à voar pelos ares.
Esta expressão de mortandade,
Preâmbulo postumo de fado.

Não há uma paz nesta cidade.
Só a boa e fiel: a crueldade,
Que só acresce peso ao meu fardo.

Mas logo - rachaduras, verdades
Que de dentro à mim invadem,
E viro chuva de estilhaços.

A desolação é que me cabe,
Na cidade reina inverdade,
Voar pelos ares então os faço.

Digo então a doce verdade:
Pavil, estopim, triste maldade...
Sopro da impiedade me faço.

by Calado

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Polaridade

De norte à sul, prefiro a morte.
Chave para baixo paralisa
Esta tristeza que merecida,
Insiste em matar-me à noite.

Chave à cima... do sul ao norte,
Algum raio de sol me anima.
Chave à baixo, mesmo de dia?
Melancolia doce, Ah! Que sorte...

Vê! Passou hora de belo sol.
Nublado é este meu triste céu;
Não há onde se possa repousar.

E no fio do pendulo... Só cerol.
Nas facas-badaladas, puro fel.
Desvio de teu esmeralda olhar.

by Calado

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Metafísica noturna

No neurônico castelo, vejo...
Fortes garras de outra vontade,
À levarem gênero oposto.
E como que por pura maldade,
Desperto neste penar, desejo.

Nos pavimentos meus, aqui, vejo...
Ruas, homoeletricidade
A conduzir meu medo tolo;
Universal parelidade,
Toque de lábios, febre, desejo.

Epiderme envolvida vejo
Por laços de ossos e músculos,
E paira um pensamento ôco...
O ecoar de eco obscuro,
Volúpia vulcânica, desejo.

Mas no clarear das janelas, vejo,
Metafísica realidade.
Ilusão noturna, algum choro...
Entrar em choque com a verdade:
Funeral triste do desejo.

by Calado

domingo, 3 de novembro de 2013

O enigma

Tu tem me devorado,
À medida que tento
E gasto o meu tempo.
No intento decifrar,
Tenho eu fracassado.

E nestes poucos passos,
Guardo todo o lamento...
Suporto o sofrimento...
De tão somente sonhar,
Com saber de abraço.

Neste mau embaraço,
Levo velas à vento
Barco de sentimento,
Camoniano o mar...
Velejo aos teus braços.

by Calado

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Caminho de fibra óptica



Me é oculta, a epiderme
Desta intangível e amada.
Por excelência, mui intocada
Que as demais criadas por mim,
Que a mente hoje não dicerne.

Marilia, já não mais se percebe.
Dina, diga "mene". Oh! amada.
Nem ao menos reservo-me bala,
Para dar-me certo e digno fim.
Tu me alegras, tu me entriteces.

O mal desgostosissímo cresce,
No repúdio de amar, amada.
Mas, jamais dedicarei cartas,
Ou as liras que partirem de mim...
À um rosto, que não se conhece.



by Calado

Rotatória

 














Aspiro sangramento,
Transbordo, vazio.
Acordo no frio...
Deste triste lamento.

Encho-me, faço novo.
Todo passado,
Mesmo pesado...
Me faço mártir, morro.

Torno à viver
Novo outrora.
Meu eterno retorno.

A minha calda mordo;
Velho agora,
Torno à morrer.




by Calado

sábado, 19 de outubro de 2013

Cinco sonetos para ela



À DISTÂNCIA

Um céu estrangeiro,
Estranhos companheiros.
Noite de sono inteiro
Do cansaço rotineiro;

No sono que não veio.
Ouço um som meigo.
Teu carinho presenteiro,
À procurar-me o dia inteiro.

Bobo, perdi o verso,
E agora faço-me inverso...
Do que era meu universo.

Tanto carinho terno,
Eros, por ti espero...
Por entre as ondas de rádio.



I ª  NOITE


Como a noite e sua escuridão,
Nesta sua oculta profundeza,
Encontro-me na mesma vereda,
Tristonho e escuro coração.

De estrelas à uma triste solidão,
E que sem nenhuma sutileza...
Trouxe-me alguma incerteza,
Certeza que havia no coração.

E um abraço então se firma,
Noite à dentro, ao pé do ouvido,
De um alguém que não pode ser ver.

Ansioso, ânimo se anima...
E se alegra ao estar contigo,
Mesmo sem tocar, mesmo sem te ter.



ÃUGUSTIANO-SE EM CAMÕES

Recosto meu triste encéfalo
Nos ângulos de alvenaria.
E por entre os pulmões, asfixia,
Noturno desalento gélido.

Meus orbes, piscam agora sérios,
Nas palavras por mim proferidas.
Trágico, naufraga mais uma vida;
Vai... De encontro ao cemitério.

Quer nos lábios, que seja em papel;
Esqueço do mal deste vil dragão,
Venenoso membro inimigo.

Fadado estou, por fortuna cruel;
Resta-me, apenas desolação...
Neste meu cubículo amigo.



FUNERAL DO CUPIDO

Como Pesa o peito,
Com o cair das lágrimas.
Que como chamas, brasas,
Queimam este sujeito.

Sujeito ao efeito...
De sua queda estrelada,
Desaponta, estraga,
Cupido presenteiro.

Ferida férrea fatal,
De espada abanhada.
Hoje, corto a mim mesmo.

Fúnebre e frio funeral,
Noite que... acordada,
Viu morrer anjo meigo.



LEÃO MENOR

Mata-me a dor,
Esta distância.
Angústia, ânsia,
Mata-me, o amor.

Mata-me, horror
Como vingança,
Passou bonança...
Adeus, só dor.

Desejo, fado
De ser amigo,
Oh! Esperança.

Este vil mal grado,
Estar contigo,
Fica lembrança.




by Calado

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Plástico plano



Na miserável plástica vida,
O resto mortal de tronco se abriga,
À esperar os luminares do ser.

Engenharia, formadas em pilha,
O peso torce a plástica amiga;
Que só em noite torno eu a ver.

E agora, já não mais veria
O fundo da glória, sapientía,
Neste vazio interno a crescer.

E como triste funérea mania,
Há morte e exumação todo dia,
De homo nada sapien à morrer.

Cresce a ânsia, que anseia, grita,
Pelo poder oculto agoniza
Na morte, e morro, por não saber.



by Calado




sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Irrefreável dragão



No metal cilíndrico hábito
Sufocado, por culpa, pecado.
De vosso vão barquinho, eu salto,
No zero absoluto, abismo.

Gaviões de aço, soar de metal, sino
Que pelo deus da festa tocado,
Traz-me à boca um  enorme vácuo,
Melhor é o monte, bom é o abismo.

Já não serpenteia o dragão em meu céu.
Nem tão pouco abrem grades de ossos.
Germina, a semente do saber.

Com o tapa, arrancado o véu
Foi de meus  dois incapazes olhos,
Inflama, o irrefreável do ser.


by Calado

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

SÓNETO



Carrego chagas de virtude,
E logo abate-me o mal do bem.
Afoga-me a falta do quem.
Pranteio sobre tudo que não pude.

A vida no asfalto me confunde,
Ao ponto de desejar um além.
Além que exista um alguém,
Que tudo ao redor se mude.

E encontro-me acorrentado,
E de pulsos sangrando.
Desejando um libertar.

Deste mal, que no hoje fadado,
Traz-me espelhos quebrados,
Dos desejos de um realizar.



by Calado

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Codinome: Zarathustra


Assola-me a dor do conhecimento,
Pois sou o sal, o vento do mar.
Sou a inquietude à procurar,
Uma alma perdido no descontento
De uma falha moral, falsa lei.
Sou o flagelo,
Sou a crença na descrença dos reis.

Pelo ultimo homem, lamento,
Que este não queira enxergar
Toda a beleza, que lhe venho mostrar.
No triste desconhecimento,
O qual em vós encontrei.
Procuro e espero,
Homens que desejem o saber.

Da venda vos trouxe o livramento,
Porém, preferistes às cegas caminhar.
Da alma o doce libertar,
Preferiu-se é grilhão cinzento.
Portas fechadas encontrei,
Mesmo naquilo que mais quero,
Negação, tão somente receberei.

Dediquei então ao desaparecimento,
Da existência que insistiu em me negar.
A humanidade precisei abandonar,
Para conseguir o poder supremo.
Se além do homem cheguei...
Tenho a vontade de poder, do eterno
Retorno, do qual jamais escaparei.




by Calado

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Periódico



Nas batalhas que vivi,
Minha medievalidade se foi.
Veio-me então, novo existir.

E assim, como tantos outros,
Renasci! vivi novo momento,
Descansei no barroco.

Veio então um clássico de mim,
Tão glorioso e severo!
Virtuoso e perfeito em si.

E certa dama, fez sentir-me dor!
Vi-me romântico e trágico.
Perdido, em busca de amor.

E moderno então me fiz!
Sempre com sentido de retorno
À vontade de ser feliz!

Hora romântico fervoroso,
As vezes clássico cruel.
Tentando renascer de novo.

Tantos sentimentos à exprimir.
Em pouco tempo que se pode ter,
Várias indagações faço à mim!

Em verdade, sou confusão sem fim.
Contemporâneo de volta ao passado...
Visitando os vários de mim .

Por vezes alegre ou nervoso,
Acordo no amor, durmo em ódio.
Sou, torno-me, mudo, me faço novo.


by Calado


sábado, 14 de setembro de 2013

Vampiresco



Eis que estoura fúria abrasadora.
Que vejam o céus todo o tormento!
Uma pena, sentença: Triste contentamento,
Que não sei onde desejas me levar.
Pouco restou do imperador de outrora.

Roma, Alexandria, Constantinopla!
Homens por esse fel sedentos,
Pela espada, vieram ao tormento!
O sono da morte experimentar.
Sangram estes corações agora.

Vejo-te: Óh! fera devastadora!
Tuas garras cravando-se em meu peito.
Sinto o odor de sangue de meu leito,
Onde tão somente posso lamentar...
Maldição de Fortuna traidora!

Mas se lhe quero por agora,
Sofro, vem-me descontentamento.
E rasga-me, do pescoço ao peito,
Voraz à me devorar...
Leva à morre o que chora,

Nasce um Eu de vontade vingadora.
De olhos de tom vermelho sangrento.
E um eu, que cai nesse doce desalento...
Desejando com asas de cera voar;
Que os anjos vendem os olhos por hora.

Tal vergonha me vem consumidora,
Do abstrato que possa residir por dentro
Desta casa onde não há luz nem tempo,
Onde antes poderia o Eu se refugiar.
Deste holocausto, sofro o expurgo agora,

Corda pendurada em madeira oca...
Balança "piano, poco a poco" - lento.
Somente o pulsar perde seu firme tempo.
Aguarda, que eu caminhe até o altar:
O mal será pago com o sangue que jorra...

Desta escarlate estrada simplória,
Que caminha à um sono do mundo isento.
Que esquecerá dessas dores, destes tempos.
Pois agora, não como me libertar,
Deste futuro que um dia foi outrora.




by Calado

Loucura


Solenemente, ergueste do abismo,
Qual anjo caído ou virtude esquecida.
Mudastes de nome, fez-se esquecida.
Adornada agora,  és aurora febril.
Sua capa: lasciva. Disfarce doentio.

Tentastes fazer-me caminhar contigo,
Iludido, quase entreguei-lhe mente e vida.
Agora, de mim, és tão somente inimiga.
Provarás de minha lâmina o trágico fio.
Em minha sábia armadura, não corro risco.

Caio de joelhos! pranto, coração contrito.
Vejo a desgraça de meus irmãos e amigos,
No negro véu que tu lhes impõe à vista.
És maravilha - E praga sutil.
Por tudo e todos, encontro-me entristecido.

Demônio nosso! Temível ser maligno.
Destinado a destruir a consciência da vida.
Dos leigos e brutais és mui querida.
Vejo o teu homem: Grosseiro e débil.
Vossas damas são seres nocivos.

Louca! Tens o homem por vencido.
Ignorante, repulsa à sabedoria.
Impura, violenta, és má companhia.
Trouxeste-nos a escuridão e o frio,
E levaste o conhecer do infinito.




by Calado

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Coletivo


Musas, vem a mim no vão
Das entranhas de um monstro.
Vejo, e tão somente sonho.
Ouço sussurros, conversação.

Sarar-me -iam da solidão?
Trariam o sol que vai se pondo?
Por ventura, deixariam engano...
Amor ou eterna rejeição?

Medusas, ninfas, semi-deusas.
Mostram-se como bem desejam,
Em mais uma curva na vida.

Fadas malvadas, Amáveis bestas.
Dão-me; tiram-me; o doce sossego.
Tensão em corda estendida.




by Calado

sábado, 7 de setembro de 2013

Contemporaneidade



Completude defasada, abismo,
Em meio a preâmbulos ocultos.
Tal como selva, vozes e vultos,
Fantasmas para me assombrar.
Finjo então... Que não existo.

Minha senda, trilhar já não consigo,
Pelo fio da espada de sábios incultos.
Enlouqueço, em meio aos surdos,
Todos apenas sabem falar...
Calar-se - Dom para divinos.

Nem o sapiens intelecto mamífero!
Enlouquece, e não escapa do surto.
Dentro de cercas - Garanhões xucros,
Não há quem possa os domar.
Não vejo "homem", nestes dias vividos.

Então, nesta esfera espacial, impelido,
Pelo mar de ideias e ondas sem rumo,
Ao recife pragas e insultos
Contra a doce sabedoria impar.
Tal como antes: Voltamo-nos ao abismo.




by Calado

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Eu Werther



Sem forma...
À tona torna,
Vem nos tragar.

E agora?
De vez aflora,
Vem alegrar.

Mas outrora,
Da janela afora,
Um eu iria pular.

Senhora,
Te casas agora?
Na cela irei ficar.

Sem forma...
Só dor lá fora.
E assim deverá ficar.

Tu choras?
Uma arma agora,
O gatilho não pude puxar.

Morro agora,
Tornando à vida lá fora.
Tragédia de amar.





by Calado

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sobre as torres de pandora




Me assusta esse Belo!
Que redutível em cinzas,
D'ouro se adornar precisa.
Passageiro e efêmero,
Venenoso sofisma.

E a ele não quero!
Somente borrão de tinta.
Que a tudo escandaliza;
Oh! Orgulhoso e pequeno.
Nada és para vida.

Perdão! Sou sincero.
Digo: Feres a vista,
À qual eras bem vinda,
Já não dedica-lhe zelo.
Oh! Infame pequenina.

E agora já não espero...
Que esta mente faminta,
Deseje tal beleza ressequida.
Antes, padecer, é meu apelo...
Livrar-me desta maldita.


Com no passos no teto,
De ponta cabeça caminhas.
Porém, vazia e desnutrida,
Falta-lhe humanidade e apego,
Às mãos outrora estendidas.

E a luz de meu olhar nego,
Para tua bela carnificina.
Pois foste da beleza à rapina,
E agora és fantasma meigo...
És uma deusa maldita.




by Calado

domingo, 25 de agosto de 2013

À frente



Vejo-o outra vez, então!
Como um forte tormento.
Novo pecado ao remido.
Vem à memória,
E enlouquece os sentidos.
Traz-me outro desalento,
E rumo perde minha história.

Tal és, como um cão!
E como do céu, alento.
Por algo a vezes temido,
Ou alegria do outrora...
Por tantos já vivido.
Verdade... És tormento!
Não sei o que és por hora.

No fim, foste remissão.
Trouxe contentamento.
Mas de novo visto,
Tantas batalhas  renovas...
A guerreiros já vencidos.
Alegro-me neste lamento...
Entristece a alegre aurora!

De certo, és afirmação,
À um novo questionamento.
Inalcançável infinito.
Velho e novo estória.
Cotidiano do já ocorrido,
Presente a todo momento,
Te anseiam minhas mãos agora!



by Calado

sábado, 24 de agosto de 2013

A busca




Enfim... Busco meu coração.
Ou a razão que deve ocupar o lugar.

Busco uma triste emoção,
Uma maiori sapientiae para me ensinar.

Busco um passado ilusão.
Uma dor para me matar.

Corro atrás de fogo e carvão...
E do frio para me acalentar.

Busco, busco, decepção!
Minha vida é tão somente buscar.




by Calado

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Manhã de quinta



A luz refletida na bruma,
Leva-me a luz outrora vivida.
Do naufrágio de doce querida,
Dormindo em memória turva.

Sem retirar lâmina alguma
Desta alma pelos cortes vencida,
Revejo o memento da partida...
Desejo fechar de olhos, durma.

Nos sons da cidade hoje morta,
Ouço o passado de minha vida,
Como um triste e lento pulsar.

Na luz de uma manhã - Senhora!
Ainda lembro do dia da partida,
Na qual vi o amor se despedaçar.




by Calado

domingo, 11 de agosto de 2013

Habitante da janela



De uma janela à outra,
Em uma sala vazia.
Vendo vida viver avarias,
Fita correr o vento.
No chão vermelho,
Triste e sangrento:
Coração exprime-se por porta.

Uma muda de roupa.
Para artificial alegria.
Troca de mascara dia à dia,
Perda de tempo!
Movimento de ponteiro...
Sim, Senhor, Sargento.
Coração servido em torta.

E a fera corre à solta,
Pela rua da'gonia.
Onde a pele arrepia...
De lá, vem o lamento.
E o céu inteiro,
Lhe é bronze e tormento.
Coração mora em revolta.

De uma janela à outra,
Fita a rua dia à dia.
Assim da vida se estia,
O que lhe resta de sereno.
Passam, pessoas, passeios,
Casa, concreto, isolamento.
Peito de janela, não há portas.





by Calado

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Que se foi



De um lado à outro,
Do lago de amor de meu coração.
Mergulho na dor e na solidão,
De não ter o calor de teu corpo.

Perco o toque e o gosto,
Esqueço bendita e linda oração.
Aos poucos, vai-se também teu rosto.
Já não sinto o calor de tua mão.

Abre-se a fenda em meu peito,
Expondo, a lacuna de tua partida;
Me vem a mente entrelaçar de dedos.

Por angustiar-me a vida,
Mergulho no lado de mim mesmo.
Me sobrando só esta doce ferida.



by Calado

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Então jaz



Por que ei de receber brutal supremacia?
Eu, que da ignorância carrego o fado,
De existências míseras e curtas.
Pago em alma opróbrio de alheio pecado,
Regozijado somente em minha agonia.

Acaso, de fortuna lhe veio alegria
Tão mais doce que aos homens ao seu lado?
Por que não vejo tal virtude, ocultas?
Só Pandora, a trazer mal grado;
Braços dados à prole: pânico e agonia.

És Eva, que ao trazer o pecado sorria,
Da má graça a que Adão seria fadado.
Teu saber e conhecimento a mim insulta.
É efêmero, inútil, arco não retesado.
Nesta guerra, só a morte lhe aguardaria!

Conhecimento lhe apraz,  falta-te sabedoria!
Guerreiro pobre, frágil e desalmado,
Do conflito só lhe serve a tortura.
Apenas vejo um bosque que agora árido,
É escuro, frio, inóspito para amor e a alegria.




by Calado


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ruminal



Que é esta faca,
Que agora fere-me?
Que faz esquecer-te
Do tempo despendido.
Vais agora me matar?

Que é a palavra,
Se não sopro breve?
E logo perecem...
Ficará o rancor terrível,
Vens agora encarar?

Que tua capa,
É manda de dor celeste.[?
Que sofres e mais queres.
Ainda conselho amigo;
Preferes definhar?

Rumino como vaca!
Tu somente perece.
isto não merece:
Lealdade de guerreiro antigo.
Já pode teu sepulcro habitar.

Pois sou como roca,
Sou fiar onde se tece,
Seda-sabedoria mais leve.
Agora coração ressentido.
Teu sofrimento pode se afogar.


by Calado

domingo, 4 de agosto de 2013

Inconstância



Chamar-me onda é pouco.
Chama-me mar ou céu...
É apenas risco de pincel.
Multicor, aquarela de tolo.

Chamar-me treva é pouco.
E da luz, infeliz Miguel.
E então deixo eu, os céus
E a terra aos loucos.

Enfim, já não me encontro,
Nem no ultimo cântico,
Que agora entoei.

Existo e me transponho.
Do sofrer ao acalanto,
Onde já não posso viver.



by Calado

sábado, 27 de julho de 2013

Obelisco à humanidade decadente



E
Houve
Um dia,
Em que nós
Almejamos a grandeza...
E a sua companhia.
O conhecimento e o seu poder,
A sua irmã sabedoria.
Vencemos hidras e leões;
Titãs, deuses e o Khaos.
De guerras outrora campeões,
De Roma vencemos a tirania.
E assim pudemos conhecer o mal!
Separamos o mito do inevitável mundo real,
E o homem sofreu queda do céu ao imundo chão!
Foi-se conhecimento, grandeza, força e a doce dama sabedoria,
E nos fixamos à terra, à escuridão, à vergonha e a lamaçal da podridão. 
Nunca se pensou que tal monumento à mediocridade e à pobreza se ergueria,
Sobre pouco conhecimento
Enraizada.



by Calado

Andar para trás




Necessita-se voltar.
Precisa-se do passado,
Sair desse trágico fado.
Para trás precisa andar.

Virtude precisa buscar.
Sair do obsceno pecado,
Voltar ao belo recato,
Reaprender a pensar.

Mesmo o sábio esta dado
A falta de algum sentido,
Que outrora iria buscar.

Então, loucos coroados,
Com o louro imerecido,
Fazem o homem definhar.




by Calado

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Marcas



Das batalhas,
Brigas e mágoas.
De olhos feridos,
E ódios sentidos.
Ficaram marcas.

Das risadas,
Alegres, abobalhadas.
De lindos sorrisos,
E abraços aquecidos.
Ficaram marcas.

Das afiadas...
Lâminas ensanguentadas.
De estar entre os feridos,
De a guerra ter perdido.
Ficaram marcas.

Cenas passadas.
Imagens amareladas.
Algo já esquecido,
Mesmo até perdido.
Ficaram marcas.

Sorte fadada,
Ao fio da espada...
Sangue foi vertido,
Me dera ter morrido.
Tenho apenas as marcas.





by Calado

domingo, 21 de julho de 2013

Amor em flor



Ah! Se à vejo.
Oh! Torrentes fortíssimas!
Trágico e rápido pulsar.
Encho-me então de desejo,
Por tão inocente e linda,
A qual vejo cintilar.
Oh! Estrela do infinito.

Bendito desejo.
Que vem-me como primícia,
Não podia lhe esperar.
E inocente me vejo,
No ansiar de incessante carícia,
No perfume que dela sinto exalar.
Oh! Trágico céu infinito.

Pois... Se a vejo!
O infiel coração palpita.
E do corpo deseja saltar.
Nem se quer a conheço...
A inocente e pequenina,
De finos modos e andar.
Ah! Duros fados malditos.

Oh! Não mereço...
Este suspiro que tramita,
Neste peito a desejar.
E sofro de paixão e desejo,
O corte da lâmina da agonia,
No vejo, a vida me deixar.
Oh! Espaço-tempo infinito.








by Calado

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Androide



Lá vai o androide!
Ligando-se por cabos e fios
Invisíveis, pairando no vazio.
Movimentando-se sem pensar.
Que realidade pobre.

Lá vai o androide!
Para onde não há calor ou frio,
Onde só há alegria e brio,
Onde ninguém pode se alcançar,
Mas perto estar se pode.

Lá vai o androide!
Que nada faz sozinho,
Um programa pequenino;
Sem nunca jamais pensar.
Que vida triste o acolhe.

Lá vai o androide!
Com os demais parecido.
Gêmeos tardiamente concebidos,
Se nunca se encontrar,e
Pois isso não escolhe.

Lá vai o androide...
Sorri e chora sozinho.
Em um viver quadrado e pequenino.
Só caracteres a adicionar.
Que vida limitada androide!

Lá vai o androide!
Vivendo da vida do vizinho.
Esquece e é esquecido.
Chegou a hora de atualizar,
Esqueceste a vida que lhe acolhe?


by Calado

terça-feira, 16 de julho de 2013

Sonhos efêmeros de guerreiro


Um espada presa ao chão.
Uma lágrima anseia os céus.
Agora, ambas nada alcançarão.
Mesmo após tanto lutar,
O destino será o fel.

No solo, estende-se uma mão.
Rasgado está o véu.
Espada e lágrima brilharão.
Sob triste luz do luar.
Brilha, Oh! escarlate anel.

Amor e amada ficarão.
Também seu quebrado broquel.
As riquezas não o seguirão.
Só a glória lhe irá ficar,
Oh! misero destino cruel.

Nenhuma batalha no vão
Do tempo o tornou réu.
Mas as sonhos o abandonarão.
No teu futuro lugar,
Quer seja luz, ou fogaréu.

Destinada-lhe a podridão.
Futuros perdidos ao leo.
Coisas... Que jamais brilharão,
 Quando a cortina se fechar.
Ultimo anseio: Os céus.





by Calado

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Ruas do passado




Ruas escuras e silenciosas,
Hoje tão vazias quanto antes.
Foram palco de buscas ansiosas.
Um desesperado amar,
Em cores e dores vibrantes.

Visitas esperadas e carinhosas.
Por muitas vezes irritantes.
E noites de lua esplendorosa,
Desertas, não podiam separar
O desejo infinito dos amantes.

Nem as trevas assombrosas,
Ou criaturas errantes.
Sobrepujavam a foça espantosa
E seu conflito estelar,
De sentimentos inconstantes.

Mas agora, só dores ociosas.
Passos, somente exitantes.
Um ódio e uma dor furiosa.
Um triste e cruel apartar,
Lembro-me neste instante.

Oh! Saudade, cosia preciosa:
Beijos, abraços aconchegantes.
Tua silhueta formosa...
O eterno calor de amar,
Agora, tudo isso está distante.

Oh! Tu... fortuna maldosa...
Lembra-me do vivido antes.
Uma imagem calorosa,
De um lindo e calmo abraçar
Um amor que agora é ontem.

E Tu, figura formosa.
Já não lembro de teus lances.
Da voz forte, doce e sonora.
Deu teu corpo frágil a me acalentar,
E de como tudo era emocionante.

Tu ficaste, e eu fui embora.
Orgulho, dardo de veneno infame!
Através de feridas, pôs fim a história...
Que um dia quisemos começar.
Terminamos estranhos e distantes.

E tu, lembras agora?
Ou sou memória ultrajante?
Sou passado? Sou escória?
Queira um dia confessar:
Fomo intensos amantes.





by Calado

Virtude corrompida




Como dói este aguilhão cruel e vil.
Lâmina de raiva, orgulho e ódio. 
Fere mais a quem serviu,
Do que o inimigo e o próximo.

Agora, esqueço a paixão senil,
E da sensatez torno-me próximo.
Pois me sobreveio o opróbrio,
E me trouxe iluminação gentil.

Pois, com orgulho já feri,
E de raiva fui homicida...
Sem nunca me importar.

Mas quando meu sangue verti,
Vi que todo este orgulhar, era...
Coisa imunda: Virtude corrompida.





by Calado 

Para conhecer o contexto do soneto, acesse: http://tragedianoturna.blogspot.com.br/2013/07/nas-highlands-virtude-corrompida.html

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Horas vividas



Suas rédeas... Que as perco,
Na banalidade de meus esforços.
Levando-me à fundos poços;
Memórias: sorrisos, desterros.
Relógio, ponteiro, passar.

Dos infantis sorrisos, esqueço.
E já não lembro-me do ócio.
Perco forças, e o cálcio dos ossos,
Não reconheço a mim mesmo.
Relógio, ponteiro, passar.

Cirandas esquecidas no tempo.
Agora só restam "negócios".
visões que cansam-me os olhos.
E de alegrar-me, esqueço!
Relógio, ponteiro, passar.

Da velhice tenho o que mereço!
Ou apenas um amontoado de troços.
Passar de tempo, frigir de ovos.
E até de morrer me esqueço?
Relógio, em nada podes me perdoa?







by Calado

sábado, 29 de junho de 2013

À deriva



Entrego-me outra vez, silenciosamente;
A uma tão doce e triste solidão.
Saudade, abismo, imensidão...
Sentimentos que me invadem tranquilamente.

Quase que sonolentamente,
Vejo o abismo, a profunda escuridão
Desses medos vem e cedo não vão.
Meu amor parte tão docemente.

Um barco a vela à deriva.
Mais uma alma achada e perdida,
Neste mundo a caminhar.

Um dor, uma sangrenta ferida,
Um adeus para uma desconhecida,
Neste mundo sem amar.





by Calado

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Insônia




Hoje à noite não houveram estrelas.
Não houve o brilho singelo do luar.
Nada que pudesse me acalmar.
Não houve a noite que minh'alma deseja.

Hoje à noite não dormiu a princesa,
Que por um príncipe estava a esperar.
Não houve de cabeça o recostar.
Não houve a dor que na alma lateja.

Hoje à noite, olho não viu beleza.
Nem em pele límpida pode tocar.
Nem por abraço ou arrepio pode esperar.
Não houve da paixão a incerteza.

Hoje é noite, não que eu mereça...
Este refrigério de um triste luar.
Um melodia fria a me acalmar,
O aço frio que pela pele rasteja.

Hoje à noite não houve da morte a nobreza.
Tão somente, mero e ridículo balbuciar.
Algo que os homens tendem a se viciar:
Seu amor por imperfeições, fraquezas.

Pois hoje à noite só houve tristeza!
Da lâmina o corte a se alastrar.
Como rio que sangrar e vem transbordar.
Sentimentos humanos, como água irão passar.










by Calado

terça-feira, 18 de junho de 2013

Areia



Este sentimento está escorrendo...
Por entre meus dedos como areia.
E eu, como que inseto em teia,
Apenas o vejo desaparecendo.

Tua face sumir estou vendo,
Das memórias em minha cabeça.
Agarro-te antes que esqueça,
Mas no fim, acabo perdendo.

Então, nesta areia vou afundando,
Abraço áspero do deserto.
Consolo de um falso pesar,

E enquanto a ultima canção está tocando,
Reservo-me da lâmina o ferro,
De nunca poder te amar.









by Calado

terça-feira, 4 de junho de 2013

Éris




Como em uma lente,
Vejo-te maior.
Vidro transparente.
E agora distante!
Alegre, radiante,
Eu...
A vezes triste,
Irritante!
Celeste...
Em um pranto cinzento.
Amargo.
Te odeio... 
Pois não choras por mim.
Nem choras por elas.
Bronze sem fim.
Negro brilho.
Vejo carmesim!
E mil luminares atrevidos,
Piscam sem parar,
Solitários, destemidos.
Assim sou eu,
Mais um entre eles perdido.
Uma galáxia abandonada.
Uma ave de asa quebrada.
Universo em expansão!
Aguarda a irradiação,
Dos raios solares restantes,
Neste ponto do sistema.
Frio, escuro, distante....
De tantos corações.
De doces e puras canções.
De amores, de musas, paixões.









by Calado

Caixão vazio



Fui encontrado.
Estado de decomposição,
Avançado...
Há dias, meses, anos
Eu era procurado.
Tão somente por mim.

Fui encontrado,
Por viúvas, jamais chorarão.
Desgraçado!
Talvez esqueçam com os anos.
O nunca amado...
Tão somente por ti.

Fui encontrado.
E agora, me enterrarão.
Encarcerado...
Me encontrava vagando,
Em cubículo fechado.
Tão longe de mim.

Fui encontrado.
E novamente me perderão.
Desintegrado...
Pelas dúvidas que vi pairando,
Sobre meus ombros cansados.
Tão somente sumir.

Fui encontrado...
Em uma completa inexatidão.
Ah! Duros fados.
Completo e se implementando.
Ao vazio e incompleto fadado,
Tão somente existir.








by Calado

domingo, 2 de junho de 2013

Lágrima de prata pura



Cai a lágrima de prata pura.
Causa doces e tristes cala-frios.
Nem sinto da lâmina, o fio,
Que um dia pode me traspassar.
Estendo o corpo ao chão, escultura.

E não cai por dor alguma.
Apenas revela o brilho.
Diante do coração sombrio...
Que à noite vem do sono acordar.
Na escuridão mostrar formosura.

Viajo por algumas ruas,
Por campos vastos e vazios.
E tudo que encontro é o frio,
Desta noite a me cercar...
Asfalto frio, Luz da lua.

Verdades duras e nuas.
Sangue que escorre ao desafio.
Lâmina que trás o arrepio,
Gélida à pele tocar,
Corta a carne quente e crua.

Esqueço agora a face sua,
Em meio da noite, no vazio.
Esperança, vejo um fio...
Que triste, não creio germinar.
Lágrimas sob a luz da lua.

Encaro agora realidade crua:
Foi-se a noite e o vazio.
Do dia vem o brio,
A noite venho esperar...
Lágrimas de prata pura.









by Calado

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Metanóia




Corta o peito, rasga o céu
Da boca, ferida purulenta.
Provocar dor, tormenta,
Corta o laço, rasga o véu.

Aço que outrora fez-se anel,
Agora sê lamina sangrenta.
Vem à alma e a condena,
A ser amarga como o fel.

Sendo já o que não era.
Abre a carne que lhe cobria,
Nascer de criatura.

Apresenta-se besta, fera.
Lamina, veneno, cólera fria,
Maldade e formosura.







by Calado