Citações

- William Shakespeare

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Caminho de fibra óptica



Me é oculta, a epiderme
Desta intangível e amada.
Por excelência, mui intocada
Que as demais criadas por mim,
Que a mente hoje não dicerne.

Marilia, já não mais se percebe.
Dina, diga "mene". Oh! amada.
Nem ao menos reservo-me bala,
Para dar-me certo e digno fim.
Tu me alegras, tu me entriteces.

O mal desgostosissímo cresce,
No repúdio de amar, amada.
Mas, jamais dedicarei cartas,
Ou as liras que partirem de mim...
À um rosto, que não se conhece.



by Calado

Rotatória

 














Aspiro sangramento,
Transbordo, vazio.
Acordo no frio...
Deste triste lamento.

Encho-me, faço novo.
Todo passado,
Mesmo pesado...
Me faço mártir, morro.

Torno à viver
Novo outrora.
Meu eterno retorno.

A minha calda mordo;
Velho agora,
Torno à morrer.




by Calado

sábado, 19 de outubro de 2013

Cinco sonetos para ela



À DISTÂNCIA

Um céu estrangeiro,
Estranhos companheiros.
Noite de sono inteiro
Do cansaço rotineiro;

No sono que não veio.
Ouço um som meigo.
Teu carinho presenteiro,
À procurar-me o dia inteiro.

Bobo, perdi o verso,
E agora faço-me inverso...
Do que era meu universo.

Tanto carinho terno,
Eros, por ti espero...
Por entre as ondas de rádio.



I ª  NOITE


Como a noite e sua escuridão,
Nesta sua oculta profundeza,
Encontro-me na mesma vereda,
Tristonho e escuro coração.

De estrelas à uma triste solidão,
E que sem nenhuma sutileza...
Trouxe-me alguma incerteza,
Certeza que havia no coração.

E um abraço então se firma,
Noite à dentro, ao pé do ouvido,
De um alguém que não pode ser ver.

Ansioso, ânimo se anima...
E se alegra ao estar contigo,
Mesmo sem tocar, mesmo sem te ter.



ÃUGUSTIANO-SE EM CAMÕES

Recosto meu triste encéfalo
Nos ângulos de alvenaria.
E por entre os pulmões, asfixia,
Noturno desalento gélido.

Meus orbes, piscam agora sérios,
Nas palavras por mim proferidas.
Trágico, naufraga mais uma vida;
Vai... De encontro ao cemitério.

Quer nos lábios, que seja em papel;
Esqueço do mal deste vil dragão,
Venenoso membro inimigo.

Fadado estou, por fortuna cruel;
Resta-me, apenas desolação...
Neste meu cubículo amigo.



FUNERAL DO CUPIDO

Como Pesa o peito,
Com o cair das lágrimas.
Que como chamas, brasas,
Queimam este sujeito.

Sujeito ao efeito...
De sua queda estrelada,
Desaponta, estraga,
Cupido presenteiro.

Ferida férrea fatal,
De espada abanhada.
Hoje, corto a mim mesmo.

Fúnebre e frio funeral,
Noite que... acordada,
Viu morrer anjo meigo.



LEÃO MENOR

Mata-me a dor,
Esta distância.
Angústia, ânsia,
Mata-me, o amor.

Mata-me, horror
Como vingança,
Passou bonança...
Adeus, só dor.

Desejo, fado
De ser amigo,
Oh! Esperança.

Este vil mal grado,
Estar contigo,
Fica lembrança.




by Calado

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Plástico plano



Na miserável plástica vida,
O resto mortal de tronco se abriga,
À esperar os luminares do ser.

Engenharia, formadas em pilha,
O peso torce a plástica amiga;
Que só em noite torno eu a ver.

E agora, já não mais veria
O fundo da glória, sapientía,
Neste vazio interno a crescer.

E como triste funérea mania,
Há morte e exumação todo dia,
De homo nada sapien à morrer.

Cresce a ânsia, que anseia, grita,
Pelo poder oculto agoniza
Na morte, e morro, por não saber.



by Calado




sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Irrefreável dragão



No metal cilíndrico hábito
Sufocado, por culpa, pecado.
De vosso vão barquinho, eu salto,
No zero absoluto, abismo.

Gaviões de aço, soar de metal, sino
Que pelo deus da festa tocado,
Traz-me à boca um  enorme vácuo,
Melhor é o monte, bom é o abismo.

Já não serpenteia o dragão em meu céu.
Nem tão pouco abrem grades de ossos.
Germina, a semente do saber.

Com o tapa, arrancado o véu
Foi de meus  dois incapazes olhos,
Inflama, o irrefreável do ser.


by Calado