Citações

- William Shakespeare

sábado, 29 de junho de 2013

À deriva



Entrego-me outra vez, silenciosamente;
A uma tão doce e triste solidão.
Saudade, abismo, imensidão...
Sentimentos que me invadem tranquilamente.

Quase que sonolentamente,
Vejo o abismo, a profunda escuridão
Desses medos vem e cedo não vão.
Meu amor parte tão docemente.

Um barco a vela à deriva.
Mais uma alma achada e perdida,
Neste mundo a caminhar.

Um dor, uma sangrenta ferida,
Um adeus para uma desconhecida,
Neste mundo sem amar.





by Calado

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Insônia




Hoje à noite não houveram estrelas.
Não houve o brilho singelo do luar.
Nada que pudesse me acalmar.
Não houve a noite que minh'alma deseja.

Hoje à noite não dormiu a princesa,
Que por um príncipe estava a esperar.
Não houve de cabeça o recostar.
Não houve a dor que na alma lateja.

Hoje à noite, olho não viu beleza.
Nem em pele límpida pode tocar.
Nem por abraço ou arrepio pode esperar.
Não houve da paixão a incerteza.

Hoje é noite, não que eu mereça...
Este refrigério de um triste luar.
Um melodia fria a me acalmar,
O aço frio que pela pele rasteja.

Hoje à noite não houve da morte a nobreza.
Tão somente, mero e ridículo balbuciar.
Algo que os homens tendem a se viciar:
Seu amor por imperfeições, fraquezas.

Pois hoje à noite só houve tristeza!
Da lâmina o corte a se alastrar.
Como rio que sangrar e vem transbordar.
Sentimentos humanos, como água irão passar.










by Calado

terça-feira, 18 de junho de 2013

Areia



Este sentimento está escorrendo...
Por entre meus dedos como areia.
E eu, como que inseto em teia,
Apenas o vejo desaparecendo.

Tua face sumir estou vendo,
Das memórias em minha cabeça.
Agarro-te antes que esqueça,
Mas no fim, acabo perdendo.

Então, nesta areia vou afundando,
Abraço áspero do deserto.
Consolo de um falso pesar,

E enquanto a ultima canção está tocando,
Reservo-me da lâmina o ferro,
De nunca poder te amar.









by Calado

terça-feira, 4 de junho de 2013

Éris




Como em uma lente,
Vejo-te maior.
Vidro transparente.
E agora distante!
Alegre, radiante,
Eu...
A vezes triste,
Irritante!
Celeste...
Em um pranto cinzento.
Amargo.
Te odeio... 
Pois não choras por mim.
Nem choras por elas.
Bronze sem fim.
Negro brilho.
Vejo carmesim!
E mil luminares atrevidos,
Piscam sem parar,
Solitários, destemidos.
Assim sou eu,
Mais um entre eles perdido.
Uma galáxia abandonada.
Uma ave de asa quebrada.
Universo em expansão!
Aguarda a irradiação,
Dos raios solares restantes,
Neste ponto do sistema.
Frio, escuro, distante....
De tantos corações.
De doces e puras canções.
De amores, de musas, paixões.









by Calado

Caixão vazio



Fui encontrado.
Estado de decomposição,
Avançado...
Há dias, meses, anos
Eu era procurado.
Tão somente por mim.

Fui encontrado,
Por viúvas, jamais chorarão.
Desgraçado!
Talvez esqueçam com os anos.
O nunca amado...
Tão somente por ti.

Fui encontrado.
E agora, me enterrarão.
Encarcerado...
Me encontrava vagando,
Em cubículo fechado.
Tão longe de mim.

Fui encontrado.
E novamente me perderão.
Desintegrado...
Pelas dúvidas que vi pairando,
Sobre meus ombros cansados.
Tão somente sumir.

Fui encontrado...
Em uma completa inexatidão.
Ah! Duros fados.
Completo e se implementando.
Ao vazio e incompleto fadado,
Tão somente existir.








by Calado

domingo, 2 de junho de 2013

Lágrima de prata pura



Cai a lágrima de prata pura.
Causa doces e tristes cala-frios.
Nem sinto da lâmina, o fio,
Que um dia pode me traspassar.
Estendo o corpo ao chão, escultura.

E não cai por dor alguma.
Apenas revela o brilho.
Diante do coração sombrio...
Que à noite vem do sono acordar.
Na escuridão mostrar formosura.

Viajo por algumas ruas,
Por campos vastos e vazios.
E tudo que encontro é o frio,
Desta noite a me cercar...
Asfalto frio, Luz da lua.

Verdades duras e nuas.
Sangue que escorre ao desafio.
Lâmina que trás o arrepio,
Gélida à pele tocar,
Corta a carne quente e crua.

Esqueço agora a face sua,
Em meio da noite, no vazio.
Esperança, vejo um fio...
Que triste, não creio germinar.
Lágrimas sob a luz da lua.

Encaro agora realidade crua:
Foi-se a noite e o vazio.
Do dia vem o brio,
A noite venho esperar...
Lágrimas de prata pura.









by Calado