Citações

- William Shakespeare

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Lunar



Lunar...
Uma lua cheia no céu a brilhar.
Uma amor achado, perdido;
Sentimentos que não fazem sentido,
Uma doce melodia a soar.

Lunar...
É uma solidão a outra procurar.
Um alegre frio aflito,
De um beijo esperado, bendito;
Um abraço que desejo não terminar.

Lunar...
É um olhar tímido a te encontrar.
Um coração apaixonado e contrito,
Sofrendo do amor o conflito;
É um desejo de não querer amar.

Lunar...
É meu coração ao ver este luar.
O desejo de amar escondido,
Depois te tantos corações partidos;
É a chance de um novo apaixonar.

Lunar...
É a lua sempre a iluminar,
Noites de tantos aflitos.
Amores, partidas, paixões, desiludidos.
E a inspiração vem dominar.

Lunar...
E a canção hoje a ecoar,
Por estes céus azuis e límpidos.
Trazendo a luz de que necessito,
Uma doce tristeza e um alegrar.










by Calado

Laços de dor



Descendo...
Abismo de afinidade;
Amarrado, por pesos antigos,
Tão familiares e próximos
Como a chagas do tempo.

Obedecendo.
Reina então, desigualdade.
Tento subir - Não consigo!
Respiro então... Esse óxido,
Nesta masmorra de lamento.

Perecendo,
Pelas mãos da fraternidade.
Quem em nada parece comigo,
Mesmo assim, mantém-me próximo,
Destrói-me, enquanto os alimento.









by Calado

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Ruas vazias




Caminho por ruas vazias e escuras.
Estradas sem rumo levando à algum lugar.
Solitário e vago como sempre,
Busco a escuridão profunda.
As nuvens negras a me cercar.

Provo da solidão imatura,
Que deseja arrastar-me e alavancar...
A roda que comanda esse "de repente".
Ataca-me, covarde e súbita,
Nesta caminhada a me acompanhar.

Caminho entre as folhas avulsas,
Que o dia fez questão de abandonar.
Nestas ruas tão solitárias e descontentes.
De um vida estranha e recôndita,
Difícil até mesmo de se decifrar.

Caminho, em um vida doce e dura.
Onde não há se quer onde me apoiar.
Batalhando por causas aparentes,
De razões devidamente escondidas.
Eco em campo de batalha a se propagar.

Caminho então, por estas vazias ruas. 
Em busca de frio, de solidão, de encontrar...
Algo que não sei o que é. Tão somente!
Coisas que há muito perdidas,
Hoje, falta muito me faz.

Novas ruas, há agora, onde não havia nenhuma!
Esse desconhecido faz meu coração se angustiar.
Desespero deixa-me sua semente,
Perdido foi o sentido na partida,
Já não sei como voltar.

Em sonho, ando por esta  vazia rua.
Minha doce liberdade, deveras, meu lugar!
Onde frio e solidão estão presentes...
Como uma amada, doce e querida,
Bem vindo, ao meu lar, doce lar.








by Calado



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sonho para nós dois




Criei um sonho para nós dois,
Um tanto longe da realidade.
Embora,
Os sentidos aguçaram a vontade...
De estar perto,
De tocar-te.

Criei um sonho para nós dois,
E nem sei, onde andarás na verdade.
Talvez,
Em busca da sonhada liberdade...
Longe de meus braços,
De abraçar-te.

Criei um sonho para nós dois,
Enquanto aguardava que em casa eu chegasse.
Disperso...
Não vi bondade, tristeza, alegria ou maldade.
Apenas queria-te,
Desejava encontrar-te.

Tentei criar um sonho para nós dois,
E apenas desejei que tu um dia sonhasses.
Enfim,
Mais um sonho que não virá à realidade.
Sonho de paixão.
Sonhos de amar-te.








by Calado

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Caminho da Alma





Caminhos, longas estradas.
E ainda que só... Caminho ao nada.
Vivo e pereço...
Na jornada que mereço.

Devaneio? Conto de fada?
Não! Mente plena e acordada.
Apenas a tudo desconheço.
Tu, o mundo, eu mesmo!

Possua apenas esta lâmina afiada.
Espada? Coração? Coração espada...
Fruto do "eu" que reconheço,
A medida que me desconheço.

Não restou-me absolutamente nada.
Preciosidade a ser valorizada.
Mesmo que restando pouco tempo,
Me resta esta jornada - Tudo que hoje tenho.









by Calado

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ângulos




Desvio meu olhar - Esforço inútil!
Disfarces não podem esconder
Uma natureza à amadurecer.
Paixão em forma volátil.

Devo despertar - Esforço fútil.
Quem sabe, podes corresponder
Em igualdade, a este pobre ser.
Tão forte, mas, tão frágil.

Uma luz em algum lugar?
Calor, que possa aquecer-me.
Iluminando este cômodo de esquecimento.

Ou, outra das brisas a passear.
Quem mesmo sem perceber-me...
Por segundos, aliviou-me o sofrimento.







by Calado

Uma folha ao vento



Ao vento, uma folha a flutuar.
Sem rumo, ela vaga.
No continuo espaço-tempo,
Solitário e leve caminhar, que,
Mesmo sem estrada,
Viaja...
Na multidão de pensamentos.
Não há ruma à traçar,
Prova do acaso, a graça.
Sem asas. Apenas brisa e vento,
Conta somente com desejos...
De um futuro. Luz de contentamento.
E mesmo desbotada,
Não esvaiu-se com o tempo.
Ao vento, um sonho a sonhar!
Sem rumo? Talvez o nada.
Um triste lampejo de pensamento,
Folha a flutuar.
Solta-se, move-se, lenta e calma.
Palavras e folhas...
Estão indo com o vento.








by Calado

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Turbilhão (Oh! Fortuna)



Sinto um enorme turbilhão,
Formando-se de cada sentido,
Pensamento, ação ou emoção.
Uma cratera...
Vejo... Não vejo.
Idas e vindas sem sentido.
Não há partida...
Apenas este gatilho maldito.
Enquanto sinto este vento frio,
Que passa por meu corpo...
Congelando por fora,
O que por dentro se faz inverno.
Desastre... Acaso... Desgraça.
Jogo de uma deusa desalmada,
Tira-me a paz, o sono, 
E traz-me, este abismo oculto,
Este lamaçal de dor.
Um caminho sem volta...
Não há chegada!
Apenas...
Um delírio.
Universo onírico de um falso herói.
Contos trágicos...
Gregos... Troianos...
Aqui jamais se vence,
Ou há uma glória a brilhar no fim do túnel.
Apenas a honra...
De um morte em meio a guerra.
De ter batalhado sem cessar.
De carregar estas laminas.
Sinto este enorme turbilhão,
Formando-se de cada sentido,
Pensamento, ação ou emoção.
E...
Esta vida se esvaindo,
Em meio ao furacão que se forma.
Em meios aos sentimentos em tormenta.
Em meio a uma farsa real...
Irreal!
Uma vida, que fortuna toma em suas mãos.
Uma espada enferrujada...
Que substitui um coração.
A dor e a glória,
Alimentando uma alma que
Carrega a dor de várias vidas,
Que Fortuna levou.
Que carrega em si, mil partidas,
De alguém que nunca retornou.











by Calado

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Transparente



Anseio algo que não vejo.
Desejo algo que não tenho...
Ideia do que venha a ser.
Busco caminhos que não trilho,
Vivo em mundos...
Onde jamais pisei.
Sou um paralelo de mim mesmo.
Algo inexistente...
Estranho a este lugar.
Sou uma parte de tudo,
E um pedaço de nada.
Fragmento inóspito à realidade.
Procuro quem sou...
Ou o que não sou.
Arrasto-me pelas dimensões...
Infinitas que há em meu ser.
Procuro, não ser...
E sou!
Pois não posso evitar existir.
Habitar...
Exibir...
Esta transparência de não pertencer.
Esta loucura de não existir.
Esta incerteza a me cercar.
Sou o que sou,
Não sendo nada em comum.
Existo em corpo,
Não sendo em alma.
Tenho na mente...
E não tenho... Somente.










by Calado

Desapego



Apego-me ao desapego,
De não apegar-me a nada especial.
Frívolo, insensível, superficial;
Caminho solitário e ermo.

Apego-me ao desapego,
De abandonar o que é sem igual.
Desvalorizar,  esquecer por total...
Facilidade em livrar-me que tenho.

Desapego-me e apego-me,
Em ciclo interminável de ações.
Com sentimentos frios como o aço.

Apego-me e desapego-me,
Como se esquecesse algumas canções.
De emoções, amigos, lugares me desfaço.









by Calado

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Inalcançável









Este lençol já não pode suportar...
O tamanho destes pensamentos;
A ligeira sensação de inquietude.
Esse medo que do passado...
Apresenta-se a mim, ressurge!

Esta mente já não pode descansar.
Sob as toneladas de pesadelos.
Uma certeza de caminhos incertos,
Tudo que não pode ser contado,
Preocupa-me, rouba-me a juventude.

Este homem não é mais que um soprar.
Passageiro, insensível como o vento.
Algo que apenas carrega virtudes...
E que jamais se pode segurá-lo.
Destino selado... Fortuna rude.

Esta carta... Não é para se recordar.
É mais um de outros profundos lamentos.
Sofrimento amiúde...
Carta etérea de um bárbaro.
A procurar um horizonte que jamais surge.








by Calado

Premonição



Mais, e mais...
Cada vez mais fundo.
Nesta ínfima tristeza.
Hades, sepultura,
Solitárias profundezas.


Há? Não há mais!
Corte profundo,
Causado por infame fraqueza;
Dolorosa ternura...
Desgraçada, pobreza.


Houve aquele "jamais",
De meus olhos ao mundo.
Doce e infinda em frieza,
Não motivo de desculpa.
Ou importar-se com alheia tristeza.


Breve, nem te lembrarás.
Serei o vento mudo...
Coisa que não perceba.
Tal como... Flor miúda,
Uma pobre alma passageira.


Mas, não mais!
Tento amar o mundo,
Mas o mundo este mundo me rejeita.
Premonição absurda?
Sonhei com isto a noite inteira.
















by Calado

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Pontes quebradas





Tão bela é esta lua de hoje,
Que mesmo de olhos fechados...
Este coração assim, trancado,
Eu a vejo, quase posso tocar.


Este frio tão confortante, doce.
Devo sentir-me desprezado?
Sou mais um não encontrado,
Algo sobre o que não falar.


Esconde-se como se não fosse,
Mas é o mesmo peito trancado.
Não finjo. Ainda que humilhado...
Minh'alma posso auto-afirmar.


Chamas-me agora, hoje.
Meus ouvidos agora fechados,
Não te ouvem. Abafado...
É teu som, que mal posso identificar.


Pois agora te encontras longe.
Bem mais do que no passado.
Não somente neste espaço...
Mas agora na essência a pulsar.


















by Calado

Teatro do Farsante







Noite a fora.
Uivo solitário para uma lua sombria.

Olhos cor e prata,
Assim como as estrelas contempladas.

E uma eterna escuridão.
Medos e desejos, agonia.

Palavras, já não restam.
Apenas este lamento uniforme e constante.

Alma que se despedaça,
Meio à luzes de tanto viventes.

Noite a fora...
Mais uma... De tantas estórias.

Senil e decrépito.
Épicos desertos, batalhas e destruição.

Empunho armas inexistentes,
Guardo virtude e honra verdadeiras.

Vitórias, incontáveis como farsas.
Traspassado pelas lâminas que eu mesmo criei.








by Calado