Citações

- William Shakespeare

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Metanóia




Corta o peito, rasga o céu
Da boca, ferida purulenta.
Provocar dor, tormenta,
Corta o laço, rasga o véu.

Aço que outrora fez-se anel,
Agora sê lamina sangrenta.
Vem à alma e a condena,
A ser amarga como o fel.

Sendo já o que não era.
Abre a carne que lhe cobria,
Nascer de criatura.

Apresenta-se besta, fera.
Lamina, veneno, cólera fria,
Maldade e formosura.







by Calado

terça-feira, 28 de maio de 2013

Canção noturna



Salto deste penhasco de pluma.
Caio em sonho profundo,
Noite de trevas e bruma.
Uma melodia a me perturbar,
Vem atormentar-me no escuro.

Não a imagem ou memória alguma.
Apenas um desejo obscuro.
Mas me vem à mente: musa...
Aquelas às quais jamais irei amar.
Me acho, me perco, me excluo.

Esta não sai de orquestra, é muda,
Mas, tão somente a escuto.
E agora de forma alguma,
Eu poderei a segurar.
Caminho, perco-me... sumo.

Então... Durmo e acordo com esta música.
Medo em sonho, sustos.
Desta doce solidão noturna.
Da saudade de um amar.
Deito-me, viro, durmo.








by Calado

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Noite dos apaixonados mortos



Hoje a noite irá sorrir fria e singela.
Dançará uma valsa fúnebre e bela.
Retratos de sonhos acordados.

Com vestido negro de lua em tela.
Beleza de sonho, humor de fera.
Assim ela acalenta os mal amados.

Quem segurará sua mão gélida?
Onde estrelas repousam tão belas.
Homens a cruéis destinos fadados?

Pois esta musa, de todas a mais bela,
Espera pela obra, música, tela,
Composta por corações quebrados.

Pois esta noite e uma aquarela,
De uma dor tão doce quanto bela,
De homens mortos apaixonados.








by Calado

terça-feira, 14 de maio de 2013

Diferentes trágedias




Não foi em vão que adentrei o inferno,
Que abandonei a firme esperança.
Pela amada...
Que o coração consome,
Ardente fogo de amor, paixão.
Esqueço meu próprio nome,
Canção pela lira entoada...
Me fara esquecer a lembrança
E me trará teu rosto tão terno.

***

Não foi em vão que enfrentei o inferno,
Desta desavença triste e sem esperança.
Mão armada.
Que ao ouvir teu doce nome,
Logo me acelera o coração!
E em meio a esta estrada...
Morremos juntos, vive a lembrança,
Do amor que não foi julgado etéreo.

***

No fim da minha vida, inferno.
Apaixonado, deliro em meio à esperança.
Doce amada....
Não te toco! Ouço teu nome,
E apenas me reservo à solidão,
De pensamentos na pena de tinta molhada...
De voltar a ser uma criança,
Que do amor assim dirá: Te espero.

***

No fim da vida... Eu espero.
Tenho guardado tão somente a esperança.
Mão furada...
Olho o céus e clamo teu nome,
Sem resposta, solidão.
Naquela madeira, tristeza desolada...
Que traria a todos esperança,
Que traria a luz, a este mudo mal e severo.













by Calado


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Pretencioso




Talvez eu seja lembrado,
Como os mais esquecido.
Talvez... Talvez...

Talvez eu seja louvado,
Como insignificante menino.
É... Talvez!

Talvez, eu seja amado,
Por alguém a mim parecido.
Seja assim... Possa ser.

Talvez, "talvez" tão usado.
Tal o doce pela manhã comido.
Enjoei... Talvez?

É! Talvez tenha retornado,
Essa vontade de ser ovacionado.
Talvez eu ame vocês.

Talvez um talvez acabado,
Que agora chora abandonado.
Chorei? É... Pode ser, talvez.

Talvez eu queira, talvez tenha rejeitado.
Talvez eu veja. ou os olhos tenha fechado,
Sei que quero... É, talvez.!










by Calado

Zumbi



Sem caminho!
Vagando... Vagando...
Sem rumo,
Noite à dentro,
Desapareço, sumo...
Adentro a escuridão,
De olhos que não veem o clarão.

Sem destino!
Insano... Insano...
Assumo,
Que agora já não penso.
Apodreço, durmo...
Em transe, sem exatidão,
Do estado em que meus olhos me verão.

Não sinto,
Parando... Parando...
Escuro,
Não há calor aquecendo,
Nem mesmo frio noturno...
Apenas o vazio, glutão,
Desejo de saciar sedes que jamais cessarão.

Não vivo!
Vagando... Vagando...
Mergulho,
Na natureza que vai me corroendo.
Do "ser ou não ser" este mundo,
Possuindo apenas um grão,
Busca, desejando universos em expansão.









by Calado

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Labuta



Construo um castelo após o outro.
Desfaço-os, primeiro e segundo.
Destruo, reconstruo meu mundo,
Com piche, sangue, cimento de osso.

Faço de cada dia destes tesouro.
Cada dia aqui, triste e imundo.
Cada hora e segundo preciso
Aos quais estou aqui recluso.

Mãos, calos, sem cálcio os ossos
Vão esfarelando-se no esforços
De em um novo mundo habitar.

Faço e desfaço tudo o que posso
Me submeto à tudo menos ao ócio
De poder este corpo descansar.








by Calado

domingo, 5 de maio de 2013

Pedaço de Saudade



Tenho saudades...
Em parte, de amar-te.
A ti, que não conheço.
Que talvez não mereça,
Amar tua voz,
Tão somente abraçar-te.

Tenho saudades...
De a Ti ofertar-me.
Isso agora desconheço.
Talvez você jamais apareça,
Ou voltemos ao "Nós"!
Então vivo a imaginar-te.

Tenho saudades...
Em parte, de odiar-te.
Do rancor de sangue espesso.
Que a raiva transpareça.
Das brigas à sós.
De por Ti magoar-me.

Tenho saudade...
De somente ter saudade.
Minha falha reconheço.
Mais que isso: fraqueza!
Ter em mim atado o nó,
Que tu em mim não apertasse.

Tenho saudade...
Em partes e partes.
Pedaços de um só espelho.
E agora já não tenho certeza,
Se contigo ou só,
Neste sonho de lembrar-te.







by Calado

sábado, 4 de maio de 2013

In memoriam



Se sorriste,
Não vi.
Nem se quer ouvir,
O som de tua voz a me chamar. 

Se sentiste,
Menti.
Para o pranto não cair,
Para que tu viesses ainda a me amar.

Se partiste,
Sofri,
Vagando na escuridão me perdi,
Esperando que tu viesses me achar.

Mas não viste.
Sumi...
Querendo lembrar-te, esqueci,
Que amor quer tocar e amar.

Se sorriste...
Não foi pra mim.
Pois não mais estavas aqui,
Neste peito que um dia veio a te amar.








by Calado

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Feridas




Cerro os punhos ensanguentados,
Manchas, marcas.
Feridas,
Trêmulos dentes apertados,
Quase partidos.
Do de uma guerra não vencida.
Perdida? Esquecida?
Oh! Doce querida...
Noite amada.
Apertando então a ferida,
De uma mão agora desarmada,
Desalmada,
Vejo pela janela, partindo,
Todo o valor,
O sentido...
Desta batalha desgraçada.
Por campos e campos,
Ideologias frágeis, fracas,
Não valem a vida desperdiçada.
Homens que morrem,
Pela espada,
Pela arma,
Esperando está a amada.
Cidade, filhos,
Esperança que roubada
Do ninho de amor tecido,
Oh! Doce querida...
Noite esquecida.
No sangue que escorre em minhas mãos,
Na espada que atravessa meus irmãos,
Na dor que hoje irei suportar.
Oh! Doce querida...
Boa noite,
Querida.








by Calado

Vida Vela Mar




Por certas distâncias atraído,
Hoje pago o preço,
O castigo, que tão somente mereço
Condeno-me a ser perseguido.

Por sentimentos infiéis, traído.
Somente a noite vê que padeço.
E a sábio ensinamento, agradeço,
Pois no sofrimento tenho aprendido.

Com a vela já rasgada,
Vida, velha, voraz enfadada;
Rasgo-me, retorno a remar.

Pobre, podre esta jangada,
Vida, vil, voraz malvada,
Lamento, leva-me de novo ao mar.










by Calado

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Era uma vez...



Esquecidos, desejos perdidos.
De abraços e beijos proferidos
Como palavras entre olhares amigos,
Hoje nada, tão somente nada,
Tempo esquecido.

Eram queridos, corpos aquecidos
Entre carinhos e os toques preferidos
De bilhetes e poema já escritos,
Hoje nada, tão somente nada,
Um papel esquecido.

Por braços envolvidos
Nos pôr-de-sóis a dois já vistos
E o perfume na roupa imprimido,
Hoje nada, tão somente nada,
Um aroma esquecido.

No tempo e espaço perdidos
Vagando à vista longínquos
Das mãos por outrora unidos
Hoje nada, tão somente nada,
Um carinho esquecido.

E agora que vejo sozinho
O espectro do que ficou vazio
Do amor que antes munido,
Hoje nada, tão somente nada,
Um ser esquecido.

Resta apenas o caminho
Os lugares e luares bonitos
Que sorrindo vimos 
Hoje nada, tão somente... Nada,
Um amor esquecido.















by Calado

Exorcista



De meus próprios demônios á noite,
Sou a praga expurgadora;
E de antes até agora,
Por estes males perseguido,
Os expulso e os persigo.
Retrato falado, da noite que foi-se.

Sinto na pele as chicotadas, açoites,
Desta vontade devoradora.
Dama da noite, loucura.
Pelos desejos do mundo invadido,
Os expulso, os persigo...
Olhos fechados e ainda não durmo à noite.

Vejo-os tremer diante da foice!
Pois estes já não temem a ceifadora.
E a lâmina nada lhes é agora,
Pois que mortos entre os vivos,
Eu os expulso, os persigo...
Fecho os olhos, e peço para que se fossem.

E coloco diante de mim a noite.
E não vejo se quer alguma escolha,
Se não a de matar, morrer à toa.
Já nem sei se isto consigo,
Tento expulsá-los, os persigo!
Reviro-me à cama, se foste?

Então, caio, nesta rotina agridoce.
Na lâmina, no filho, na folha..
De papel que agora voa,
Não alcanço, pegar não consigo,
Meus demônios expulsar, tenho perdido,
O sentido de quem sou, de quem foste.














by Calado