Citações

- William Shakespeare

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ao cair da noite





Ao cair da noite,
Estes passos serão sempre os mesmos.
Solitários, vazios e ermos,
De onde nada se deve esperar.

Ao cair da noite,
Não há em mim radical ou termo.
Tão somente lamentos e medos,
Apenas razões para chorar.

Ao cair da noite,
Meu caminho é sempre estreito!
Apertado, às vezes de ar rarefeito,
Comum aos lugares por onde devo passar.

Ao cair da noite,
Nada em mim emana respeito.
Tão somente rancor e desprezo,
Sentido pelo que o dia pode me dar.

Ao cair da noite...
Eu simplesmente desapareço.
Reconstruo-me e me desconheço...
No ódio presente, no amor a me faltar.










by Calado

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ideal




Todos os dias ela me sorri.
Todos os dias me chama de "bobo".
Mesmo que não a veja ou a abrace.

Todos os dias ela abraça.
Todos os dias ela olha para mim.
Mesmo que eu não a tenha ou a olhe.

Todos os dias são assim...
Todos os dias! Ela é assim.
Mesmo não sendo tudo para mim.

Todos os dias sonho com ela.
Todos os dias eu a desejo.
Mesmo que não haja nada dela em mim.

Todos os dias a vejo tão bela.
Todos os dias anseio seu beijo.
Mesmo que em nada eu a possa possuir.

Todos os dias são dias de lua.
Todos os dias são dias de sol.
Mas ela nada sente, nada vê.

Todos os dias a quero e idealizo.
Todos os dias eu a amo e a recrio.
Pois ela tão somente existe à mim.












by Calado

Farsa feminina




Ver, por dentro deste abismo pulsante,
Ver meus ossos corroídos.
Meus sonhos e desejos, perdidos,
Diante desta atmosfera sufocante.

Agora, tão somente mero farsante.
Casca vazia de um pobre menino,
Por mil erros e acertos, ressentido.
Segue um caminho de torturas enfadantes.

Alcanço então com estes olhos vacilantes,
A plenitude falha e tortuosa do destino.
Vejo tão claramente este empecilho,
Que torno-me nada em todo instante.

Logo, mais uma vez ao ar sufocante.
Vendo todo meu corpo ser corroído,
Por este maléfico poder inimigo,
De um coração negro e ameaçante.

Enganado por mentiras pedantes.
As quais desejam mais e mais corações partidos.
Olho então... Este universo de ladrão e bandido,
Onde todas são atrizes estrelantes.











by Calado

domingo, 28 de outubro de 2012

Contrito




Escondido...
Entre páginas obscuras.
Desilusões, feridas; ternura!
Caixa de pandora.
Braços fechador ao mar.

Reprimido.
Trevas de medo e amargura.
Bloqueado do amor a doçura...
Que não possuo agora.
Que não posso eu tocar.

Confundido...
Com esta indefinida tortura.
Procuro, perco-me, penúria!
Logo, lanço fora...
Este impulso de amar.

Então... Perdido.
À deriva nesta jornada obscura.
Cubro-me com lençóis de loucura.
Desejando então amor agora...
Desejando doce e leve abraçar.










by Calado

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Manto noturno



Tenho medo...
Desse véu de ilusão,
Dessa densa e doce escuridão.
A tocar minha pele como chuva,
Esta noite a me envolver.

Receio,
Que estes bálsamo e caixão,
Deixem meu grito em exclusão.
Como o som de uma triste viúva,
Triste até poder morrer.

Então... Escrevo.
Estes sentimentos em decomposição,
Estas palavras que a mim retornarão...
Como um triste chuva,
Do terrível pode ser.

Esqueço,
Esta tempestade que se chama emoção,
Envolvo-me novamente pela escuridão.
Caminhando sob a luz da lua.
Inexistência de meu viver.

Desprezo...
Sentido pelos que andam à luz da emoção,
 Agora sob o manto frio de minha condição,
Sou alma límpida e pura...
Da líbido, do dia, da luz, da viver.










by Calado

Triste e ácido pranto




Ácido infernal.
Corrosivo e letal.
Fere a alma inocente,
Vil solução ardente...
Cai em queda, quebrar.

Fruto de bem ou mal.
Dos problemas, o mais banal.
Consome e destrói o carente,
Magoa-nos e nem sente...
Logo irá se despedaçar.

Tal como sou poente!
Mostra-me o erro fatal.
Do ferro provo a lâmina quente,
Corte a mostrar-me o eu mortal.

Devasso, deveras inocente!
Traz-me a dor de outro dia real.
De tempestades, de dias quentes...
Vejo o fim - Nossa morte afinal.







by Calado

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Morto





Voo para longe destes portões,
Que prendem-me a sentimentos, grilhões...
De uma existência mísera e vulgar.

Passeando entre lagos de perturbações,
Desafio a morte, sentenças e perdões.
Co'as asas que tenho, já não posso voar.

Corro... Para longe das preocupações.
De beijos, de sonhos, assombrações,
De pobres seres de carne a andar.

Entre inferno e céu, restam as questões.
Entre a vitória e a derrota, os arranhões,
De uma guerra sem fim que está a se travar.

Então... Voo com os depenados tendões.
Tão frágeis e debilitados, com poucas razões...
Para erguer-se ao céu. Brilhar.

E mais uma vez, preso à dores e solidões.
Dividido, entre trevas e clarões,
Meu destino tento alcançar.

Sou sol, lua, e do ano... as estações.
Sou dor, angustia, e a falta de perdões...
De feridas purulentas, que jamais irão cicatrizar.







by Calado