Citações

- William Shakespeare

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

SÓNETO



Carrego chagas de virtude,
E logo abate-me o mal do bem.
Afoga-me a falta do quem.
Pranteio sobre tudo que não pude.

A vida no asfalto me confunde,
Ao ponto de desejar um além.
Além que exista um alguém,
Que tudo ao redor se mude.

E encontro-me acorrentado,
E de pulsos sangrando.
Desejando um libertar.

Deste mal, que no hoje fadado,
Traz-me espelhos quebrados,
Dos desejos de um realizar.



by Calado

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Codinome: Zarathustra


Assola-me a dor do conhecimento,
Pois sou o sal, o vento do mar.
Sou a inquietude à procurar,
Uma alma perdido no descontento
De uma falha moral, falsa lei.
Sou o flagelo,
Sou a crença na descrença dos reis.

Pelo ultimo homem, lamento,
Que este não queira enxergar
Toda a beleza, que lhe venho mostrar.
No triste desconhecimento,
O qual em vós encontrei.
Procuro e espero,
Homens que desejem o saber.

Da venda vos trouxe o livramento,
Porém, preferistes às cegas caminhar.
Da alma o doce libertar,
Preferiu-se é grilhão cinzento.
Portas fechadas encontrei,
Mesmo naquilo que mais quero,
Negação, tão somente receberei.

Dediquei então ao desaparecimento,
Da existência que insistiu em me negar.
A humanidade precisei abandonar,
Para conseguir o poder supremo.
Se além do homem cheguei...
Tenho a vontade de poder, do eterno
Retorno, do qual jamais escaparei.




by Calado

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Periódico



Nas batalhas que vivi,
Minha medievalidade se foi.
Veio-me então, novo existir.

E assim, como tantos outros,
Renasci! vivi novo momento,
Descansei no barroco.

Veio então um clássico de mim,
Tão glorioso e severo!
Virtuoso e perfeito em si.

E certa dama, fez sentir-me dor!
Vi-me romântico e trágico.
Perdido, em busca de amor.

E moderno então me fiz!
Sempre com sentido de retorno
À vontade de ser feliz!

Hora romântico fervoroso,
As vezes clássico cruel.
Tentando renascer de novo.

Tantos sentimentos à exprimir.
Em pouco tempo que se pode ter,
Várias indagações faço à mim!

Em verdade, sou confusão sem fim.
Contemporâneo de volta ao passado...
Visitando os vários de mim .

Por vezes alegre ou nervoso,
Acordo no amor, durmo em ódio.
Sou, torno-me, mudo, me faço novo.


by Calado


sábado, 14 de setembro de 2013

Vampiresco



Eis que estoura fúria abrasadora.
Que vejam o céus todo o tormento!
Uma pena, sentença: Triste contentamento,
Que não sei onde desejas me levar.
Pouco restou do imperador de outrora.

Roma, Alexandria, Constantinopla!
Homens por esse fel sedentos,
Pela espada, vieram ao tormento!
O sono da morte experimentar.
Sangram estes corações agora.

Vejo-te: Óh! fera devastadora!
Tuas garras cravando-se em meu peito.
Sinto o odor de sangue de meu leito,
Onde tão somente posso lamentar...
Maldição de Fortuna traidora!

Mas se lhe quero por agora,
Sofro, vem-me descontentamento.
E rasga-me, do pescoço ao peito,
Voraz à me devorar...
Leva à morre o que chora,

Nasce um Eu de vontade vingadora.
De olhos de tom vermelho sangrento.
E um eu, que cai nesse doce desalento...
Desejando com asas de cera voar;
Que os anjos vendem os olhos por hora.

Tal vergonha me vem consumidora,
Do abstrato que possa residir por dentro
Desta casa onde não há luz nem tempo,
Onde antes poderia o Eu se refugiar.
Deste holocausto, sofro o expurgo agora,

Corda pendurada em madeira oca...
Balança "piano, poco a poco" - lento.
Somente o pulsar perde seu firme tempo.
Aguarda, que eu caminhe até o altar:
O mal será pago com o sangue que jorra...

Desta escarlate estrada simplória,
Que caminha à um sono do mundo isento.
Que esquecerá dessas dores, destes tempos.
Pois agora, não como me libertar,
Deste futuro que um dia foi outrora.




by Calado

Loucura


Solenemente, ergueste do abismo,
Qual anjo caído ou virtude esquecida.
Mudastes de nome, fez-se esquecida.
Adornada agora,  és aurora febril.
Sua capa: lasciva. Disfarce doentio.

Tentastes fazer-me caminhar contigo,
Iludido, quase entreguei-lhe mente e vida.
Agora, de mim, és tão somente inimiga.
Provarás de minha lâmina o trágico fio.
Em minha sábia armadura, não corro risco.

Caio de joelhos! pranto, coração contrito.
Vejo a desgraça de meus irmãos e amigos,
No negro véu que tu lhes impõe à vista.
És maravilha - E praga sutil.
Por tudo e todos, encontro-me entristecido.

Demônio nosso! Temível ser maligno.
Destinado a destruir a consciência da vida.
Dos leigos e brutais és mui querida.
Vejo o teu homem: Grosseiro e débil.
Vossas damas são seres nocivos.

Louca! Tens o homem por vencido.
Ignorante, repulsa à sabedoria.
Impura, violenta, és má companhia.
Trouxeste-nos a escuridão e o frio,
E levaste o conhecer do infinito.




by Calado

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Coletivo


Musas, vem a mim no vão
Das entranhas de um monstro.
Vejo, e tão somente sonho.
Ouço sussurros, conversação.

Sarar-me -iam da solidão?
Trariam o sol que vai se pondo?
Por ventura, deixariam engano...
Amor ou eterna rejeição?

Medusas, ninfas, semi-deusas.
Mostram-se como bem desejam,
Em mais uma curva na vida.

Fadas malvadas, Amáveis bestas.
Dão-me; tiram-me; o doce sossego.
Tensão em corda estendida.




by Calado

sábado, 7 de setembro de 2013

Contemporaneidade



Completude defasada, abismo,
Em meio a preâmbulos ocultos.
Tal como selva, vozes e vultos,
Fantasmas para me assombrar.
Finjo então... Que não existo.

Minha senda, trilhar já não consigo,
Pelo fio da espada de sábios incultos.
Enlouqueço, em meio aos surdos,
Todos apenas sabem falar...
Calar-se - Dom para divinos.

Nem o sapiens intelecto mamífero!
Enlouquece, e não escapa do surto.
Dentro de cercas - Garanhões xucros,
Não há quem possa os domar.
Não vejo "homem", nestes dias vividos.

Então, nesta esfera espacial, impelido,
Pelo mar de ideias e ondas sem rumo,
Ao recife pragas e insultos
Contra a doce sabedoria impar.
Tal como antes: Voltamo-nos ao abismo.




by Calado

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Eu Werther



Sem forma...
À tona torna,
Vem nos tragar.

E agora?
De vez aflora,
Vem alegrar.

Mas outrora,
Da janela afora,
Um eu iria pular.

Senhora,
Te casas agora?
Na cela irei ficar.

Sem forma...
Só dor lá fora.
E assim deverá ficar.

Tu choras?
Uma arma agora,
O gatilho não pude puxar.

Morro agora,
Tornando à vida lá fora.
Tragédia de amar.





by Calado

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sobre as torres de pandora




Me assusta esse Belo!
Que redutível em cinzas,
D'ouro se adornar precisa.
Passageiro e efêmero,
Venenoso sofisma.

E a ele não quero!
Somente borrão de tinta.
Que a tudo escandaliza;
Oh! Orgulhoso e pequeno.
Nada és para vida.

Perdão! Sou sincero.
Digo: Feres a vista,
À qual eras bem vinda,
Já não dedica-lhe zelo.
Oh! Infame pequenina.

E agora já não espero...
Que esta mente faminta,
Deseje tal beleza ressequida.
Antes, padecer, é meu apelo...
Livrar-me desta maldita.


Com no passos no teto,
De ponta cabeça caminhas.
Porém, vazia e desnutrida,
Falta-lhe humanidade e apego,
Às mãos outrora estendidas.

E a luz de meu olhar nego,
Para tua bela carnificina.
Pois foste da beleza à rapina,
E agora és fantasma meigo...
És uma deusa maldita.




by Calado