Citações

- William Shakespeare

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Elégia (from Lancelot)




Agora, que nada mais resta;
Sob o brilho do sol zombeteiro,
Escrevo com sangue, em sem pressa,
De perder o que sou por inteiro...
A história que vivi não vivendo.
As mentiras que ouço crescendo.

Pois foi-se mais uma alegria modesta.
Resta-me lâmina de relógio, ponteiro,
Que alegra-se em desgraça - festa!
Que dura dias inteiros.
Pois agora, já não sendo,
Tudo que é, mesmo não mais vivendo.

*

Foi-se há muito, e agora não vive;
A alva da melodia alegre.
A senhora de composições tristes.
A sábia que não se percebe.
Levado é o tempo pelo lamento,
Com este andor, de morte e contentamento.

 E na aurora que jamais viste,
Como demônio me percebe.
Mas esta lágrima ainda insiste...
Brilhou, rolou, caiu... Mas persegue-me.
Ou seja o rubro escudo de ferimentos,
A quebrar-se no crepúsculo de seu tempo.

*

Com a lealdade que lhe devia - privada -
Viu a alma por espada ser ferida.
Em inúmeras marcas de batalhas
Onde a morte o aguardava erguida,
Como pano imundo estanca o sangramento.
Usa o sal das lágrimas, desinfeta o ferimento.

E a escuridão, já estava reservada,
Pela fortuna, pelas garras da vida.
Cava sua cova na lava...
No fogo sua história será esquecida.
Para este triste e sublime momento...
Não há flores, apenas escárnio e lamento.

*

Agora derrotado por uma triste paixão;
Se quer pode olhar para seu rei amado.
Vê e desfruta da derrota e da exclusão...
Do ódio de quem era o venerado.
Preso, abaixo do pavimento,
Já não vê a beleza e a honra do firmamento.

Negro vê, o prata que há em seu brasão.
Cai ao solo, sem forças para rejeita-lo.
Lhe preparado está o caixão,
E por suas próprias mãos será enterrado.
Não há lamento, ou pranto escorrendo.
Apenas o incomparável brilho do lago sereno.















by Calado

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